Repórter
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 16h07.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 16, que considera a possibilidade de iniciar um diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em meio ao aumento da pressão militar norte-americana na região do Caribe.
A declaração ocorre enquanto Washington intensifica operações navais contra embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas nas proximidades do território venezuelano e no leste do Oceano Pacífico, informou a agência Reuters.
“Podemos ter algumas conversas com Maduro e veremos como isso se desenrola”, disse Trump a jornalistas em West Palm Beach, Flórida, antes de retornar para Washington. “Eles gostariam de conversar.”
No entanto, Trump não deu detalhes sobre os termos ou como andam as negociações para esse diálogo. Os Estados Unidos acusam Maduro de envolvimento com o tráfico internacional, uma alegação que o governo venezuelano nega.
À Reuters, fontes próximas do governo Trump informaram que os integrantes do alto escalão da Casa Branca realizaram ao menos três reuniões recentes para discutir possíveis ações militares contra a Venezuela. Entre as opções consideradas, estariam até mesmo operações terrestres dentro do território venezuelano.
Nesta sexta-feira, 14, Trump afirmou que "já tinha praticamente tomado uma decisão" sobre a situação na Venezuela, o que indica um possível anúncio oficial nos próximos dias. No entanto, o governo venezuelano ainda não se manifestou após essa declaração.
Mais cedo no domingo, o Secretário de Estado, Marco Rubio, disse que os EUA planejam classificar o Cartel de los Soles como uma “organização terrorista estrangeira”. Essa designação criminaliza qualquer tipo de apoio material ao grupo dentro do território norte-americano. Segundo autoridades, o cartel teria ligações com o grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua, que já havia recebido a mesma classificação por parte dos EUA.
O governo dos Estados Unidos argumenta que Maduro lidera o Cartel de los Soles, acusação que ele nega. Questionado se a medida abriria caminho para ataques contra ativos e infraestrutura da Venezuela, Trump respondeu: “Isso nos permite fazer isso, mas não dissemos que vamos fazer isso.”
A suspensão das relações diplomáticas com Caracas, iniciada em outubro, segue em vigor. Mesmo assim, Trump declarou: “Converso com qualquer pessoa”, ao ser questionado sobre o interesse em diálogo. Ele indicou que manterá a pressão sobre o governo de Maduro, no poder desde 2013 e não reconhecido pelos EUA como presidente legítimo. “Estamos impedindo que traficantes e drogas entrem em nosso país”, acrescentou.
O Pentágono confirmou neste domingo, 24, a movimentação do porta-aviões USS Gerald R. Ford, considerado o maior da frota norte-americana, para o Caribe. A embarcação transporta cerca de 5 mil militares e dezenas de aeronaves. A operação se soma à presença de oito navios de guerra, um submarino nuclear e jatos F-35 já posicionados na região.
Organizações internacionais, como a Anistia Internacional, condenaram os recentes ataques dos EUA a barcos suspeitos de tráfico, classificando-os como execuções extrajudiciais. Aliados de Trump também demonstraram preocupação com a possível violação de normas do direito internacional.
A Casa Branca diz que a ação militar faz parte de uma “guerra contra os cartéis”, e que, nesses casos, o uso da força não exige julgamento nos tribunais. O Departamento de Justiça norte-americano emitiu um parecer validando os ataques e garantindo imunidade judicial às tropas envolvidas.
Uma pesquisa da Reuters/Ipsos divulgada nesta sexta-feira, 14, apontou que apenas 35% dos norte-americanos aprovam o uso da força militar no território venezuelano para conter o tráfico, sem a autorização do governo local.
As declarações de Trump sobre uma possível negociação coincidem com o anúncio de mais um ataque no Pacífico Leste, onde três pessoas identificadas como “narcoterroristas” foram mortas. Segundo o Pentágono, esse foi o 21º ataque realizado desde o início de setembro, com mais de 80 mortos até o momento.