Agência de notícias
Publicado em 5 de setembro de 2025 às 19h31.
O presidente Donald Trump afirmou nesta sexta-feira que as Forças Armadas dos EUA irão abater aeronaves da Venezuela que coloquem em risco os seus militares. A fala se dá num contexto de tensão entre os países enquanto Washington ordenou o envio de dez caças F-35 para um campo de aviação em Porto Rico, segundo fontes da agência de notícias Reuters.
Uma revelação que surgiu poucas horas depois de o Pentágono afirmar que dois aviões militares venezuelanos voaram perto de um navio da Marinha americana em águas internacionais na quinta-feira.
— Os Estados Unidos vão abater qualquer avião militar venezuelano que represente uma ameaça para suas forças destacadas no Caribe — sustentou o republicano.
Trump afirmou ainda que os EUA “não estão falando sobre uma mudança de regime na Venezuela”, mas sim sobre o fato de que o país oponente "teve uma eleição muito estranha, para dizer o mínimo". Mais uma vez, ele apontou também para os “bilhões de dólares em drogas” que estariam entrando nos EUA vindos do território venezuelano.
— A Venezuela tem sido um péssimo ator — definiu.
O magnata voltou a insistir que tem autoridade para ordenar a execução sumária de narcotraficantes, dias depois de um ataque americano contra um barco que supostamente transportava drogas e havia zarpado do território venezuelano:
— Se eu vir barcos chegando com drogas, vamos abatê-los — declarou. — E se alguém quiser se divertir navegando pelo mar alto ou pelo mar baixo, vai ter problemas.
Em uma publicação na rede social X, o departamento de Segurança dos EUA classificou o movimento dos aviões como "altamente provocador" e advertiu Caracas contra uma escalada adicional.
"O cartel que controla a Venezuela é fortemente aconselhado a não prosseguir com qualquer esforço adicional para obstruir, dissuadir ou interferir nas operações de combate ao tráfico de drogas e contraterrorismo realizadas pelos militares dos Estados Unidos", escreveu o Departamento de Defesa americano.
A Casa Branca posicionou navios de guerra da Marinha no sul do Caribe em um momento de aumento das tensões entre Trump e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusado pelo chefe da Casa Branca de comandar cartéis de drogas. Na terça-feira, forças americanas explodiram um barco que supostamente transportava drogas no Mar do Caribe, matando 11 pessoas.
Segundo o republicano, o barco pertencia a uma organização criminosa ligada a Maduro. Caracas, por sua vez, acusou Washington de cometer execuções extrajudiciais no ataque, afirmando que "assassinaram 11 pessoas sem o devido processo legal". O ataque marca uma escalada dramática por parte dos Estados Unidos, que há décadas realiza operações policiais de rotina, em vez de força letal, para apreender drogas.
Enquanto isso, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em visita à América Latina, defendeu a nova abordagem agressiva dos EUA e disse contar com o apoio de governos aliados na região que devem cooperar com seu país na eliminação de supostos narcotraficantes.
— Agora, eles vão nos ajudar a encontrar essas pessoas e explodi-las se for necessário — disse Rubio em entrevista coletiva conjunta com a chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, na quinta-feira em Quito.
Rubio enfatizou que o presidente Trump designou as gangues venezuelanas, como o Tren de Aragua e o Cartel de los Soles, como "organizações narcoterroristas" e advertiu que, "se você está em um barco cheio de cocaína ou fentanil rumo aos Estados Unidos, é uma ameaça imediata para os EUA".
Ao qualificar as quadrilhas do narcotráfico como ameaças terroristas, os Estados Unidos recorrem a todo o seu arsenal legislativo, aprovado após os ataques do 11 de Setembro de 2001, que ampliou enormemente sua capacidade de vigiar possíveis alvos e lançar ataques letais em todo o mundo.
Venezuela e EUA mantêm uma rivalidade que remonta à chegada de Hugo Chávez à Presidência venezuelana, em 1999. Foi o presidente esquerdista quem expulsou a agência antidrogas do país, em 2005.
Seu sucessor, Maduro, rompeu relações em 2019 depois que Washington não reconheceu sua reeleição no ano anterior. Os Estados Unidos tampouco consideraram válidas as últimas eleições presidenciais de 2024, nas quais a oposição denunciou fraude.
Os Estados Unidos acusaram formalmente Maduro de "narcoterrorismo" em 2020 e, este ano, o acusaram de liderar o Cartel de los Soles, que afirmam manter relações com o cartel de Sinaloa, um dos mais poderosos do México.
Outros colaboradores foram acusados de lavagem de dinheiro e inclusive dois sobrinhos da primeira-dama venezuelana foram condenados por narcotráfico nos Estados Unidos.