Mundo

Trump autoriza exploração mineral submarina em águas internacionais, fora da jurisdição dos EUA

Extração visa principalmente os nódulos polimetálicos do fundo marinho, ricos em minerais como manganês, níquel, cobalto e cobre. Ambientalistas apontam precedente perigoso

Até agora, projetos de mineração comercial no leito dos oceanos nunca foram implementados (Brendan SMIALOWSKI /AFP)

Até agora, projetos de mineração comercial no leito dos oceanos nunca foram implementados (Brendan SMIALOWSKI /AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 25 de abril de 2025 às 08h38.

Tudo sobreDonald Trump
Saiba mais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou hoje um decreto para lançar a exploração americana de minerais em larga escala no fundo do mar, inclusive em águas internacionais, apesar das advertências de organizações de defesa do meio ambiente.

A decisão representa um desafio à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (AIFM).

O decreto pede ao secretário de Comércio, Howard Lutnick, para "acelerar a revisão" de solicitações "para a emissão de licenças para a exploração e extração" de minerais "para além da jurisdição" dos Estados Unidos. Também instrui o secretário do Interior, Doug Burgum, a fazer o mesmo em águas territoriais.

Um funcionário americano de alto escalão disse que o governo estima que poderá obter bilhões de toneladas de material em dez anos.

Os Estados Unidos não são parte da AIFM, uma organização vinculada à ONU que tem jurisdição sobre o leito marinho em alto-mar em virtude de acordos que Washington jamais ratificou.

A ordem executiva também insta o secretário de Comércio a preparar um relatório sobre "a viabilidade de um mecanismo de distribuição" dos recursos dos fundos marinhos.

Precedente perigoso

Jeff Watters, vice-presidente da ONG Ocean Conservancy, advertiu em comunicado que o governo americano "está abrindo caminho" para que outros países também realizem a mineração em águas internacionais, com consequências negativas para os oceanos.

Até agora, projetos de mineração comercial no leito dos oceanos nunca foram implementados. Contudo, países como Japão e Ilhas Cook já concederam licenças de exploração em suas zonas econômicas exclusivas (ZEE), compostas pelo mar territorial e a extensão com soberania limitada (até 200 milhas náuticas ou cerca de 370 quilômetros da costa) em que os países podem explorar riquezas naturais.

O governo Trump estima que a mineração em águas profundas poderia gerar 100 mil empregos e aumentar o PIB americano em 300 bilhões de dólares (R$ 1,7 trilhão) em dez anos, segundo o funcionário ouvido pela AFP.

"Queremos que os Estados Unidos estejam à frente da China nesse âmbito", indicou a fonte. A extração visa principalmente os nódulos polimetálicos do fundo marinho, ricos em minerais como manganês, níquel, cobalto e cobre.

Também contêm terras raras, muito usadas na fabricação de baterias de veículos elétricos, painéis solares, smartphones e computadores.

Risco de descontrole

A empresa canadense The Metals Company (TMC) anunciou este ano sua intenção de atuar à margem da AIFM e solicitar a autorização dos Estados Unidos para começar a extrair minerais de águas profundas.

Emily Jeffers, advogada do Centro para a Diversidade Biológica, afirma que "Trump tenta expor um dos ecossistemas mais frágeis e menos compreendidos da Terra a uma exploração industrial descontrolada".

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpMineração

Mais de Mundo

China cria órgão internacional de mediação em Hong Kong para rivalizar com cortes de Haia

Trump dará coletiva com Musk nesta sexta, 'último dia' do empresário na Casa Branca

Mais de um milhão por ano: Governo Trump estabelece meta de 3 mil detenções de imigrantes por dia

Macron diz que a Ucrânia é 'teste de credibilidade' para os Estados Unidos: 'Nós estamos preparados'