Redatora na Exame
Publicado em 21 de maio de 2025 às 06h43.
As tensões entre Estados Unidos e China no setor de tecnologia voltaram a se intensificar, com Pequim ameaçando ações legais contra quem aplicar as restrições americanas aos chips da Huawei, segundo informações da Bloomberg.
A postura chinesa coloca em xeque a recente trégua comercial entre as duas maiores economias do mundo e os esforços para manter o diálogo aberto, justamente quando avançam conversas para reduzir as tarifas recíprocas.
O Ministério do Comércio da China declarou que entidades que colaborarem com as restrições impostas pelos EUA podem violar a Anti-Foreign Sanctions Law, que protege o país contra sanções estrangeiras, sem detalhar quais seriam as punições.
A declaração foi feita nesta quarta-feira, 21, e reacende a disputa tecnológica, mesmo com sinalizações de autoridades chinesas a favor da reaproximação com Washington.
O Departamento de Comércio dos EUA havia alertado que o uso de semicondutores da Huawei “em qualquer lugar do mundo” violaria os controles de exportação americanos. Segundo Pequim, ações como essa prejudicaram as negociações comerciais mais recentes, realizadas em Genebra.
In my first meeting with Executive Vice Foreign Minister Ma Zhaoxu, I shared President Trump’s priorities for the 🇺🇸-🇨🇳relationship. I look forward to working with the Ministry and 🇨🇳 counterparts to achieve concrete outcomes for the American people. pic.twitter.com/lCCkaQNb2i
— U.S. Ambassador to China David Perdue (@USAmbChina) May 21, 2025
Apesar disso, os canais diplomáticos seguem abertos. O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, afirmou ao novo embaixador dos EUA em Pequim, David Perdue, que espera cooperação para promover os laços bilaterais. O encontro ocorreu no mesmo dia do comunicado do Ministério do Comércio.
Pequim parece tentar manter o diálogo, mesmo com questões delicadas ainda em aberto, como os controles dos EUA sobre semicondutores, a disputa por minerais estratégicos e as pressões americanas por mais cooperação no combate ao tráfico de fentanil.
Para Graham Webster, especialista do Centro de Políticas Cibernéticas da Universidade de Stanford, a disputa tarifária e a tecnológica seguem lógicas diferentes. Segundo ele, mesmo no caso de um acordo comercial mais amplo, provavelmente as restrições tecnológicas continuarão "na mesa”.