Donald Trump, presidente dos EUA, durante conversa com jornalistas (AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 9 de julho de 2025 às 20h40.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que a nova tarifa de 50% a produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira, 9, trará prejuízos para a indústria nacional, e que a questão precisa ser resolvida com diálogo.
“Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito
interligada ao sistema produtivo americano", disse Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota
"Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, afirma Alban.
“Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver divergências e buscar soluções que favoreçam ambos os países. É por meio da cooperação que construiremos uma relação comercial mais
equilibrada, complementar e benéfica entre o Brasil e os Estados Unidos” disse Alban.
A CNI destacou a forte integração econômica entre os dois países, e que há 3.662 empresas americanas com investimentos no Brasil, enquanto 2.962 empresas brasileiras têm presença nos Estados Unidos.
A entidade apontou ainda que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira, 9, uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros. Ele disse que a taxa se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas.
A medida entra em vigor em 1º de agosto, e ainda pode ser negociada. A carta foi publicada na rede Truth Social e endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Devido, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como recentemente ilustrado pelo Supremo Tribunal Federal, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado brasileiro de mídia social), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Mercadorias levadas a outros países para escapar dessa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta", disse Trump.
Leia aqui a íntegra da cartaEm um post na rede social X, às 19h56, o presidente Lula respondeu a Trump. Ele disse que o Brasil é um país soberano e que "qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica."
A Lei de Reciprocidade foi aprovada pelo Congresso do Brasil em abril. Ela permite ao governo brasileiro retaliar tarifas impostas por outros países. Após o anúncio das medidas, parlamentares governistas passaram a defender o uso dessa lei.
O presidente Lula disse ainda que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro é "de competência apenas da Justiça Brasileira" e que as empresas americanas precisam seguir a lei do país.