Tarifaço de Trump: Japão negocia ajustes nas tarifas comerciais com os EUA após erro no acordo comercial (Christopher Furlong / POOL / AFP)
Redação Exame
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 15h40.
Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 15h50.
No meio do anúncio de taxas no "tarifaço" de Trump, uma porção de países estenderam negociações mais e menos amigáveis com os Estados Unidos. O Japão foi um desses que negociaram uma alíquota mais baixa em troca de certas regalias comerciais com o país ocidental. Mesmo assim, quase saiu mais prejudicado com ainda mais tarifas — e a culpa foi de uma falta de atenção aos documentos.
Durante conversas no mês passado, autoridades japonesas negociaram um acordo que previa investir centenas de bilhões de dólares no território americano e abrir mercado para mais produtos do parceiro. Tudo para estabelecer uma tarifa-padrão de 15% para todas as exportações japonesas aos EUA.
No entanto, em uma ordem executiva de 31 de julho, o governo Trump descreveu um acordo semelhante com a União Europeia, mas atribuiu ao Japão — junto com outros parceiros comerciais — uma nova tarifa que seria acumulada sobre as tarifas já existentes. A taxação sobre produtos japoneses, como carne bovina exportada para os EUA, por exemplo, subiria de 26,4% para 41,4%.
O governo Trump concordou em corrigir o erro, considerado "extremamente lamentável" na execução do acordo comercial com o Japão, disse Ryosei Akazawa, o principal negociador comercial japonês, em Washington.
Agora, após o principal negociador comercial japonês, Ryosei Akazawa, viajar a Washington para sua nona rodada de negociações, ele afirmou ter obtido uma promessa do governo americano de corrigir o erro, considerado "extremamente lamentável".
A mídia local havia noticiado anteriormente que os EUA não planejavam revisar a ordem presidencial, citando autoridades da Casa Branca não identificadas.
Esse novo desdobramento é mais um exemplo de como um acordo sem documento conjunto público e escrito — montado às pressas poucos dias antes de tarifas mais altas entrarem em vigor — está causando confusão e tensão crescente entre os Estados Unidos e um de seus principais aliados e parceiros comerciais.
Nas semanas desde que o acordo comercial EUA-Japão foi concluído no mês passado, alguns funcionários japoneses se irritaram com as insinuações feitas pela administração Trump de que controlaria os US$ 550 bilhões prometidos em investimentos pelo Japão, e de que 90% dos lucros viriam para os Estados Unidos.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, também tem sido criticado por não conseguir garantir uma data clara para a entrada em vigor da redução das tarifas sobre automóveis, atualmente fixadas em 25%. Essas tarifas foram uma das principais concessões obtidas por Tóquio nas negociações com a administração Trump. Elas afetam a maior exportação do Japão para o mercado americano e vêm prejudicando os lucros da indústria automotiva japonesa.
“Washington está atirando aleatoriamente e atingindo países aliados pelas costas”, disse Taro Kono, membro da Câmara dos Representantes do Japão, em uma coletiva de imprensa realizada em Tóquio. Kono, ex-ministro das Relações Exteriores durante o primeiro mandato de Trump, sugeriu que o Japão e outros países talvez precisem considerar a formação de uma convenção internacional para lidar com as tarifas dos EUA.
Akazawa disse que solicitou a redução das tarifas sobre automóveis durante suas reuniões em Washington com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent. Em resposta, afirmou que o lado americano indicou que o presidente Donald Trump assinaria uma ordem executiva determinando a redução das tarifas automotivas e a correção da situação de tarifas acumuladas do Japão.
O principal negociador comercial do Japão afirmou que ainda não há uma data definida para que as correções sejam implementadas, mas que os EUA agiriam de forma “oportuna”.
(Com Agência O Globo)