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Sob Trump, tarifas dos EUA voltarão a patamar da época da Segunda Guerra, diz estudo

Análise do Peterson Institute aponta que taxas médias no patamar de 10% não são usadas desde os anos 1940 pelos EUA

Donald Trump, presidente dos EUA, assina documento a bordo do Air Force One (Roberto Schmidt/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, assina documento a bordo do Air Force One (Roberto Schmidt/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 17h39.

As tarifas determinadas pelo presidente Donald Trump contra Canadá, México e China elevarão o nível total de taxas dos EUA a patamares que não eram vistos desde os anos 1940, na época da Segunda Guerra Mundial, aponta um estudo do Peterson Institute, entidade baseada em Washington.

Com as novas tarifas, a taxa média sobre as importações americanas deve sair da média de 2,4% para 10,2%.

Após a Segunda Guerra, os Estados Unidos buscaram reduzir as taxas para favorecer o comércio internacional. Nas décadas seguintes, o país viveu uma era de progresso e se consolidou como maior economia global, posição que mantém até hoje.

As taxas sobre importações americanas tiveram uma ligeira alta nos anos 1960, para a faixa de 7% em média, mas depois entraram em queda contínua, até chegar a 1,4%, na década de 2000. Mesmo momentos desafiadores como o choque do petróleo, nos anos 1970, e a crise financeira de 2008, não mudaram a trajetória.

Uma reversão da política de tarifas veio no primeiro mandato de Trump. No entanto, naquela época, o avanço das tarifas foi menor do que agora. Em 2020, seu último ano no cargo, as tarifas chegaram a 2,8% em média,

Em outra medida, que considera a média de tarifas sobre todos os bens tarifados, as novas medidas poderão chegar a uma tarifa média de 16,8%.

Gráfico mostra o nível médio de tarifas sobre todos os produtos (linha preta) e sobre produtos taxados (linha vermelha) ao longo do tempo nos Estados Unidos

Gráfico mostra o nível médio de tarifas sobre todos os produtos (linha preta) e sobre produtos taxados (linha vermelha) ao longo do tempo nos Estados Unidos (Peterson Institute/Reprodução)

Tarifas altas no século 19

Apesar das medidas atuais de Trump elevarem o total para a máxima em 80 anos, as tarifas continuam em nível menor do que o praticado no fim do século 19 e começo do século 20. Em 1867, as tarifas médias, somando todos os itens, chegou a 44,6%.

Depois disso, houve aumentos em 1890, em um pacote chamado de McKinley — em referência a William McKinley, que era deputado e depois se tornou presidente — e em 1930, em uma medida conhecida como Smoot-Hawley. As duas ações foram seguidas de crises econômicas severas nos anos seguintes, como a depressão de 1893-1896, e a Grande Depressão da década de 1930.

O alcance atual das tarifas de Trump também é maior. O pacote McKinkey, de 1890, afetou o equivalente a 2,7% do PIB nacional da época. Em 1930, as novas tarifas afetaram 1,4%. Agora, em 2025, elas vão atingir 4,8% do PIB, segundo o Peterson Institute.

Média pode subir mais

Trump promete novas tarifas que, se forem implantadas, vão elevar ainda mais os valores médios. Entre as possibilidades, estão taxas sobre aço e alumínio, que seriam anunciadas nesta segunda, 10, e tarifas gerais que valeriam para todos os países.

Em 1º de fevereiro, o presidente anunciou que implantaria tarifas de 25% ao México e Canadá e de 10% sobre a China. No entanto, as mudanças para México e Canadá foram adiadas até 4 de março após um acordo. Os países vizinhos tomaram medidas para reforçar a segurança na fronteira e assumiram mais alguns compromissos.

Já as tarifas contra a China, de 10%, entraram em vigor no dia 4. Em resposta, a China impôs tarifas de 10% a 15% em uma série de produtos dos EUA, que passaram a valer nesta segunda, 10.

Em 2023, as importações da China somaram 14% do total comprado de fora pelos EUA, e representaram 1,5% do PIB do país.

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