Governo dos EUA: Congresso passa por impasse (Kayla Bartkowski/AFP)
Repórter
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 06h01.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 06h59.
O governo dos Estados Unidos iniciou uma paralisação nesta quarta-feira, 1º, depois de o Congresso não conseguir entrar em um consenso até a meia-noite. O "shutdown" afeta diretamente milhões de cidadãos e ameaça a economia, com um impacto potencialmente profundo em serviços públicos e privados.
Com o impasse, a Casa Branca acionou planos de contingência, fechando a maior parte dos serviços governamentais, exceto aqueles considerados essenciais.
A paralisação deve afetar mais de 750 mil funcionários federais, que serão colocados em licença sem remuneração. O impacto diário disso deve ser de aproximadamente US$ 400 milhões na economia, segundo a Reuters.
A falta de acordo entre os partidos também levou ao adiamento de dados econômicos importantes, como o relatório de emprego do mês de setembro, o payroll, que estava previsto para a sexta-feira, 3. Dados sobre inflação também são adiados — informações essenciais para a tomada de decisões do Federal Reserve (Fed) sobre as taxas de juros.
Economistas projetam que uma eventual paralisação de um mês pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) americano entre 0,5% e 1,5%, além de deixar mais de 2 milhões de servidores sem pagamento imediato.
O shutdown acontece quando o governo dos Estados Unidos não consegue aprovar um orçamento federal ou uma lei provisória para financiar as atividades do governo.
Sem esse financiamento, várias agências federais são forçadas a suspender suas operações, o que afeta diretamente setores como a pesquisa científica, os serviços postais e a segurança pública. Apenas atividades essenciais, como a defesa nacional e serviços de emergência, continuam funcionando.
O motivo principal para o atual shutdown é a discordância entre os partidos políticos sobre o financiamento de serviços de saúde, como os subsídios do Obamacare, que estão em vias de expirar no final do ano.
Os republicanos, que controlam a Câmara dos Representantes, buscam um orçamento mais enxuto, sem a inclusão desses programas. Já os democratas insistem na necessidade de estender os subsídios à saúde, o que se tornou um ponto de conflito fundamental.
Enquanto o presidente Donald Trump e os republicanos defendem a aprovação de um projeto de lei de financiamento sem emendas, os democratas exigem que questões de saúde pública e outros programas sejam contemplados.
Historicamente, o impacto de um shutdown nas finanças dos Estados Unidos é bastante significativo.
Em 2018-2019, o país experimentou a paralisação mais longa da história, que durou 35 dias, resultando em uma perda de cerca de US$ 11 bilhões. Desses, aproximadamente US$ 3 bilhões não foram recuperados, segundo dados do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).
Se essa paralisação se prolongar, especialistas alertam que a taxa de desemprego pode subir, uma vez que os trabalhadores temporariamente afastados das suas funções entram para as estatísticas de desempregados.
Enquanto os debates entre republicanos e democratas continuam, o shutdown pode ser prolongado, especialmente porque ambos os partidos estão usando o impasse como uma forma de se posicionar para as eleições de meio de mandato 2026 nos EUA, quando são eleitos os congressistas.
A falta de acordo sobre o financiamento de políticas de saúde e programas sociais torna a resolução da crise ainda mais difícil.
O impacto do shutdown não se limita apenas ao governo. As consequências podem se espalhar por todo o setor privado, com investidores cautelosos e uma possível desaceleração na economia, já que o clima de incerteza tende a aumentar, o que afeta a confiança nas finanças do país.