O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cumprimenta o Papa Leão XIV em encontro no Vaticano no último domingo (Vatican Media/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 23 de maio de 2025 às 12h26.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, colocou em dúvida a possibilidade do Vaticano sediar futuras negociações de paz entre negociadores russos e ucranianos, em meio a movimentações de líderes ocidentais para direcionar uma nova tratativa diplomática para o Estado Católico. O presidente americano, Donald Trump, e o Papa Leão XIV foram citados recentemente em declarações sobre o possível papel de anfitrião da Santa Sé, enquanto a guerra continua no front.
— Não seria muito elegante para os países ortodoxos discutir questões relacionadas à eliminação das causas básicas [do conflito] em bases católicas — afirmou Lavrov nesta sexta-feira. — Para o próprio Vaticano, não seria muito confortável, nessas circunstâncias, receber delegações de países ortodoxos.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni disse na terça-feira que Leão XIV havia confirmado sua disposição de sediar negociações entre Ucrânia e Rússia no Vaticano. De acordo com a publicação americana Wall Street Journal, Trump teria dito a líderes europeus na segunda-feira que a Santa Sé seria a anfitriã da próxima tratativa diplomática.
As partes envolvidas, porém, nunca confirmaram nenhum acordo. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta sexta que "no momento, nenhuma decisão ou acordo foi tomado sobre o próximo local das negociações". O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na segunda-feira que Kiev estava "explorando todas as possibilidades" quanto ao local para uma nova reunião bilateral com os russos, incluindo "a Turquia, o Vaticano e a Suíça". Questionado na quinta sobre o assunto, o porta-voz presidencial ucraniano Sergei Nikiforov se recusou a comentar.
Embora o Papa Leão XIV tenha conversado com Zelensky recentemente e tenha citado diretamente o Leste Europeu em seus apelos pela paz — fazendo menção às crianças ucranianas retiradas de suas famílias e levadas para a Rússia —, a ideia de negociar no Vaticano não é particularmente atrativa para Moscou. Desde a invasão da Ucrânia, as relações entre a Santa Sé e o Patriarca Ortodoxo Russo Kirill, um forte apoiador da campanha militar, e o presidente Vladimir Putin se deterioraram.