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Reino Unido apresenta projeto para endurecer política de asilo e imigração

Anúncio foi celebrado por políticos anti-imigração, especialmente o partido Reform UK que lidera as pesquisas eleitorais por medidas de restrição

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 17 de novembro de 2025 às 19h16.

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O governo do Reino Unido apresentou nesta segunda-feira, 17, um novo pacote de reformas que prevê restrição do acesso ao sistema de asilo e contenção do fluxo migratório irregular por meio do Canal da Mancha.

As propostas surgem em meio à ascensão do partido Reform UK que lidera as pesquisas eleitorais com foco no tema da imigração.

Entre as principais medidas, estão o retorno compulsório de refugiados para seus países de origem "assim que se considerar seguro", a revisão periódica da condição de refúgio a cada 30 meses e o fim do acesso automático a benefícios sociais para solicitantes de asilo. As novas regras também preveem uma espera de 20 anos — ante os cinco atuais — para imigrantes requisitarem residência permanente, medida inspirada no modelo da Dinamarca.

Desde o início de 2025, 39.292 pessoas chegaram ao Reino Unido por meio de pequenas embarcações, ultrapassando o total registrado em todo o ano de 2024, que somou 36.816. Dados oficiais indicam que, desde 2021, foram mais de 400 mil pedidos de asilo, número significativamente superior ao total entre 2011 e 2015, que ficou em 150 mil.

A ministra do Interior, Shabana Mahmood, defendeu as mudanças no Parlamento, afirmando que o atual sistema é visto como "fora de controle e injusto". Para ela, não lidar com a questão migratória pode levar a um "caminho que começa em ira e termina em ódio".

O governo também pretende revisar a forma como aplica a Convenção Europeia dos Direitos Humanos no país. Pela nova diretriz, somente poderão permanecer em território britânico os solicitantes com laços familiares diretos, como filhos ou pais residentes.

Novo cerco aos imigrantes no Reino Unido

Outra frente anunciada foi a possível restrição na concessão de vistos a três países africanos — Angola, Namíbia e República Democrática do Congo. Segundo o Ministério do Interior, essas nações “têm um mês” para colaborar com o processo de repatriação de cidadãos em situação irregular. A justificativa é que “milhares de imigrantes procedentes desses países” estariam atualmente no Reino Unido.

Em entrevista à AFP, o analista político Mark Garnett afirmou que, se aprovadas, as mudanças dificilmente afetarão "imigrantes da América Latina”. Ele pontua que o objetivo é reduzir a atratividade do Reino Unido como destino para imigrantes que “não atendem aos critérios formais”, sobretudo oriundos da África e do Oriente Médio.

O anúncio foi comemorado por Nigel Farage, líder do Reform UK, que declarou que a ministra do Interior, Shabana Mahmood, “parece uma apoiadora” de seu partido. Já a deputada trabalhista Stella Creasy classificou as propostas como “cruéis” e “economicamente mal calculadas”, em entrevista ao jornal The Guardian.

(Com informações da agência AFP)

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