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Quem é Zohran Mamdani, novo prefeito socialista de Nova York

Mamdani venceu com 50,4% dos votos e se tornará o primeiro muçulmano a comandar a cidade

Zohran Mamdani: o candidato venceu com 50,4% dos votos e se tornará o primeiro muçulmano a comandar Nova York (ANGELA WEISS / AFP)

Zohran Mamdani: o candidato venceu com 50,4% dos votos e se tornará o primeiro muçulmano a comandar Nova York (ANGELA WEISS / AFP)

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 07h09.

Zohran Mamdani foi eleito prefeito de Nova York nesta terça-feira, 4, e se tornou o primeiro muçulmano a comandar a maior cidade dos Estados Unidos.

Com 34 anos, o político do Queens chega ao cargo com a promessa de transformar a administração pública em uma plataforma voltada às comunidades de baixa renda, segundo a AFP.

De Uganda a Nova York

Filho da cineasta Mira Nair e do acadêmico Mahmood Mamdani, Zohran nasceu em Uganda, em uma família de origem indiana, e se mudou para os Estados Unidos aos sete anos.

Naturalizado americano em 2018, cresceu no Bronx e estudou em escolas de excelência, onde passou a se interessar por política e arte. Antes de ingressar na vida pública, teve uma breve passagem pelo rap, com o nome artístico “Young Cardamom”, inspirado por grupos de hip hop.

A ascensão política

Mamdani iniciou a carreira como conselheiro de prevenção de execuções hipotecárias e ajudou famílias a manter suas casas durante crises financeiras. Em 2018, foi eleito para a Assembleia Estadual de Nova York, onde passou a representar um distrito diverso do Queens, marcado por comunidades de imigrantes. Ali, construiu uma reputação de defensor de políticas públicas voltadas para moradia acessível, transporte gratuito e creches universais.

Em junho deste ano, superou o ex-governador Andrew Cuomo nas primárias do Partido Democrata, o que o colocou no centro do debate político da cidade.

Com um discurso voltado à desigualdade urbana, Mamdani defende maior controle de aluguéis, ampliação do transporte público gratuito e incentivo a lojas de bairro administradas pelo município. Ele costuma dizer que quer “recolocar Nova York nas mãos de quem vive nela”.

Muçulmano praticante e ativista de causas sociais, transita com naturalidade entre eventos culturais, marchas do Orgulho LGBTQIA+ e celebrações do Ramadã. Essa imagem inclusiva o ajudou a conquistar o apoio de eleitores jovens.

Controvérsias e desafios

Crítico declarado da política de Israel, Mamdani chamou o país de “regime de apartheid” e classificou a guerra em Gaza como “genocídio”, posições que geraram tensão com parte da comunidade judaica. Para reduzir o atrito, passou a condenar publicamente o antissemitismo e defende o diálogo entre religiões e etnias.

O presidente Donald Trump chegou a chamá-lo de “pequeno comunista”. Ainda assim, analistas o comparam ao próprio Trump em um aspecto: ambos foram outsiders que souberam captar a insatisfação popular com o 'establishment'.

Para especialistas, sua eleição simboliza uma mudança geracional na política nova-iorquina. Como resume o professor Costas Panagopoulos, da Universidade Northeastern, ele conseguiu “reunir o apoio dos eleitores frustrados com o sistema e esquecidos pelas estruturas tradicionais de poder”.

*Com informações da AFP

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