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Quem é dono da Faixa de Gaza? E quem já mandou no território? Relembre

Após décadas de conflito, a Faixa de Gaza continua sendo um dos principais focos de tensão no Oriente Médio, desempenhando um papel central em debates geopolíticos e guerras

Faixa de Gaza: crianças palestinas perto de campo de refugiados em Rafah, sul do território, em 30 de março de 2024. (AFP/AFP)

Faixa de Gaza: crianças palestinas perto de campo de refugiados em Rafah, sul do território, em 30 de março de 2024. (AFP/AFP)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 8 de agosto de 2025 às 15h20.

Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 16h38.

O gabinete político e de segurança de Israel aprovou, nesta sexta-feira, 8, um plano para assumir o controle da Cidade de Gaza. A informação provocou reações por parte de diversos países e organizações mundiais. Entretanto, uma dúvida ainda cresce diante da guerra: a quem pertence a Faixa de Gaza?

A Faixa de Gaza é uma estreita faixa costeira no Oriente Médio, localizada na margem leste do mar Mediterrâneo. Com cerca de 365 km², ou um quarto da área da cidade de São Paulo, o território faz fronteira com Israel ao norte e leste, e com o Egito ao sul. Densamente povoada — com mais de 2 milhões de habitantes — Gaza se tornou um dos principais focos de tensão política, religiosa e militar do século 21.

Desde outubro de 2023, a região voltou ao centro do noticiário global após um ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, que controla Gaza desde 2007. Durante um evento ao sul de Israel, combatentes do grupo ultrapassaram a fronteira, matando e sequestrando milhares de civis israelenses. A ofensiva resultou em uma resposta militar massiva por parte de Israel, com bombardeios intensos e operação terrestre, que perdura até hoje.

Hegemonia em disputa: de império a conclave

A ofensiva reacendeu o debate sobre a soberania da Faixa de Gaza. Para a Organização das Nações Unidas (ONU) o território pertence aos palestinos que, para a ONU, teriam direito a criar um Estado ali. Desde 2007, o Hamas, um grupo considerado como terrorista pelos Estados Unidos, Israel e diversos outros países, assumiu o governo da região e controla entidades públicas locais, como o serviço de saúde e educação.

Historicamente, a Faixa de Gaza já foi controlada por diversos atores. Do século 16 até 1917, fez parte do Império Otomano.

Após a Primeira Guerra Mundial, passou a integrar o Território Britânico da Palestina. Com a criação do Estado de Israel, em 1948, o território ficou sob administração do Egito — que manteve o controle até a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Gaza foi ocupada por Israel.

A ocupação israelense durou até os Acordos de Oslo, em 1993, que transferiram parte da administração à recém-criada Autoridade Palestina. Em 2005, Israel retirou soldados e assentamentos da Faixa, mas manteve o controle sobre fronteiras, espaço aéreo e águas territoriais.

Segundo o relatório History of the Question of Palestine, das Nações Unidas, essa retirada não encerrou o domínio israelense. O documento afirma que o bloqueio contínuo representa uma forma indireta de “ocupação”, com impactos severos sobre a circulação de pessoas, o comércio e a entrada de suprimentos.

ONU reforça posição contra ocupação

Em 2024, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução exigindo o fim da “presença ilegal” de Israel em Gaza e nos demais territórios palestinos ocupados.

A decisão foi embasada por um parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e incluiu pedidos de reparações pelos danos e retorno dos palestinos deslocados.

A intensificação do bloqueio, especialmente após a ascensão do Hamas, tem agravado a crise humanitária na região.

Organizações como Human Rights Watch e Médicos Sem Fronteiras apontaram escassez de água potável, energia, medicamentos e liberdade de movimento. O sistema de saúde opera em colapso, com hospitais sobrecarregados e alvos de ataques durante os combates.

O papel do Brasil no conflito

Em 2025, o governo brasileiro anunciou sua adesão formal à ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça da ONU. O Itamaraty declarou que os ataques contra civis palestinos violam o direito internacional e destacou que os episódios de violência não se limitam à Faixa de Gaza, mas se estendem à Cisjordânia.

“A comunidade internacional não pode permanecer inerte diante das atrocidades em curso. O Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política”, afirmou o ministério em nota. Segundo o Itamaraty, a impunidade enfraquece o direito internacional e compromete o sistema multilateral.

A decisão provocou reação imediata da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que classificou a ação como “equivocada” e sem base legal. Para a entidade, a acusação de genocídio em Gaza é infundada e o posicionamento do governo Lula rompe com a tradição de equilíbrio da diplomacia brasileira.

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