Dina Boluarte governou por cerca de três anos até sofrer impeachment (Getty Images). (Getty Images)
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Publicado em 11 de outubro de 2025 às 10h29.
Dina Ercilia Boluarte Zegarra foi destituída por votação unânime no Congresso peruano na última sexta-feira, 10, sob acusação de “incapacidade moral permanente” por falha em conter o surto de criminalidade no país. Mas quem é a primeira mulher a ocupar a presidência do Peru e como ela chegou ao impeachment?
Nascida em 31 de maio de 1962, em Chalhuanca (região de Apurímac), Boluarte é advogada formada pela Universidade de San Martín de Porres. Ela atuou por muitos anos no Registro Nacional de Identificação e Estado Civil (RENIEC) entre 2007 e 2022.
Boluarte foi eleita vice-presidente na chapa de Pedro Castillo em 2021 e também serviu como ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social. Quando Castillo tentou dissolver o Congresso em 2022, foi destituído, e Boluarte assumiu como presidente em 7 de dezembro daquele ano. Assim, Dina Boluarte tornou-se a primeira mulher a presidir o Peru.
Ela governou o Peru em de seus maiores períodos de instabilidade: em apenas sete anos, o país teve seis presidentes.
Boluarte assumiu a presidência com promessas de diálogo e estabilidade. Em 2023, afirmou: “Sou mulher de paz, de diálogo, uma articuladora que acredita na democracia”. Mas seu governo enfrentou protestos massivos, especialmente de comunidades indígenas, e foi marcado pela repressão violenta que resultou em dezenas de mortes
Em 2024, surgiram denúncias de que Dina Boluarte teria usado uma coleção de cerca de 15 relógios de luxo sem declarar sua origem, um escândalo que ficou conhecimento como Rolexgate. Ela teria acumulado cerca de US$ 500 mil em joias, inclusive uma pulseira Cartier de US$ 50 mil e um relógio Rolex de US$ 19 mil, além de benefícios financeiros questionáveis.
Esse caso alimentou a desconfiança pública em meio a denúncias de enriquecimento ilícito e uso abusivo do poder.
Além disso, durante seu governo, a criminalidade disparou. Assassinatos, extorsões e a insegurança generalizada foram fatores centrais da insatisfação social.
Como resposta a isso, a popularidade da ex-presidente despencou nos últimos meses. Pesquisas indicavam aprovação na casa dos 2% a 3% antes de seu impeachment.
Quatro moções de destituição foram apresentadas no Congresso, motivadas pela crise de segurança e pela alegada falta de legitimidade moral de Boluarte. A votação ocorreu de madrugada, com 122 votos a favor, nenhum contra.
Ela não compareceu ao plenário para se defender no momento da votação. Imediatamente após a destituição, José Jerí assumiu a presidência interina do Congresso peruano.
Jerí tem 38 anos, é do partido Somos Perú e foi eleito presidente do Congresso em julho de 2025, posicionamento que o colocou na linha sucessória constitucional. Ele prometeu combater a criminalidade e conduzir eleições livres em abril de 2026.
A queda de Boluarte reflete o padrão de instabilidade política no Peru. Ela se tornou a sexta presidente consecutiva a sair antes do fim do mandato A destituição ocorre em meio a uma crise institucional profunda, com cidadãos exigindo reformas políticas e punição à corrupção.
Enquanto Jerí assume como presidente interino, o país se prepara para eleições em abril de 2026 — momento decisivo para restaurar estabilidade política.