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Quanto tempo pode durar o conflito entre Israel e Irã — e como ele pode terminar

Israelenses dizem que ataque busca acabar com programa nuclear do Irã

Manifestantes protestam contra os ataques de Israel em Teerã, na sexta, 13 (Atta Kenare/AFP)

Manifestantes protestam contra os ataques de Israel em Teerã, na sexta, 13 (Atta Kenare/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 16 de junho de 2025 às 08h34.

Última atualização em 16 de junho de 2025 às 08h56.

Israel iniciou um ataque ao Irã na sexta-feira, 16, que revidou em seguida. Os bombardeios já mataram mais de 200 pessoas no Irã e 24 em Israel, até esta segunda, 16, e as perspectivas para o conflito são incertas.

O governo israelense disse que faz um ataque contra instalações nucleares do Irã, para impedir o país de construir uma bomba atômica, e que seguirá com a missão até cumprir esse objetivo. O premiê israelense, Benjamim Netanyahu, disse que seu governo obteve informações de que o Irã estaria muito perto de obter uma arma nuclear.

Esta meta pode, na prática, ser obtida de duas maneiras: Israel conseguir destruir as instalações físicas e causar danos fortes à economia do Irã, de modo a impedir o avanço do programa nuclear, ou fazer o país a negociar um acordo para conter seu avanço na área.

As duas opções possuem caminhos difíceis à frente.

"Estamos a semanas, em vez de dias, disso acabar, disse Daniel Shapiro, ex-responsável pela área de Oriente Médio do Pentágono, em entrevista ao jornal The New York Times.

"Israel vai seguir até que o Irã, de uma forma ou de outra não tenha mais capacidade de enriquecer urânio. Se Israel deixar isso sem resolver, a campanha terá falhado", disse.

Fábricas no subsolo

Israel enfrenta dificuldades para destruir instalações nucleares iranianas que ficam no subsolo, por não ter bombas com essa capacidade, além de haver uma dificuldade adicional de identificar exatamente onde fica cada parte das usinas.

A principal dessas instalações é Fordo, que fica embaixo de uma montanha. Sem armamento de peso, a opção é fazer bombardeios contínuos, por muitos dias, o que estende o prazo do conflito.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), as instalações de Nathan e de Fordo, as principais do país, não sofreram danos significativos com os ataques até esta segunda-feira. Os bombardeios atingiram apenas partes anexas das instalações.

Militares israelenses esperam que o Irã possa desistir das operações em Fordo após sofrerem danos no resto do país, segundo o New York Times.

Acordo difícil

A outra saída para a crise seria o Irã fechar um novo compromisso para não desenvolver armas nucleares, como fez em 2015, e permitir visitas de verificadores estrangeiros para comprovar isso.

No entanto, os ataques estão levando o país na direção contrária. Autoridades iranianas desistiram de comparecer a uma reunião sobre o tema no domingo, 15. Nesta segunda, o porta-voz do governo iraniano, Esmaeil Baghaei, disse que o Parlamento do país prepara uma lei para retirar o Irã do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

O Irã diz ter o direito de fazer pesquisas nucleares para fins pacíficos. O país nunca admitiu que busca uma bomba, embora analistas apontem que o Irã estaria perto de conseguir obter uma.

Irã e Israel são inimigos desde 1979. O Irã apoia vários grupos que lutam contra Israel, como o Hamas, na Faixa de Gaza, e o Hezbollah, no Líbano. O Irã é contra a existência de Israel, pois considera que o país foi criado em terras que pertenciam aos palestinos.

Risco de escalada

Um fator que pode estender o conflito por mais tempo é o envolvimento de outros países e potências.

Até agora, os Estados Unidos estão evitando envolvimento direto. O presidente Donald Trump tem dito que os americanos não participam da ação no Irã, mas que poderiam intervir se necessário, pois são aliados históricos de Israel.

No entanto, se o Irã atacar alguma das bases dos EUA na região, ou matar algum americano durante o ataque a Israel, poderá levar os Estados Unidos a entrarem de vez no conflito.

Trump, prometeu não colocar o país em novas guerras e encerrar as que estão em andamento, como da Ucrânia. Nesta segunda, ele participa de um encontro do G7, grupo que reúne líderes de sete das maiores economias do Ocidente, como Canadá, Reino Unido e França. Saídas para o conflito deverão ser debatidas no evento.

Ao mesmo tempo, o Irã pode receber ajuda de outros aliados regionais, como os rebeldes houthis do Iêmen. Outros aliados, como os grupos Hamas e Hezbollah, estão com suas capacidades de ação reduzidas após ataques feitos por Israel nos últimos anos.

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