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Preços do aço disparam nos EUA e siderúrgicas culpam tarifas de Trump

Fabricantes disseram enfrentar resistência para repassar custos aos consumidores e anunciam cortes de cerca de 2 mil empregos

Trump amplia tarifas sobre aço e preço do produto dispara nos EUA (Oliver Bunic/Bloomberg/Getty Images)

Trump amplia tarifas sobre aço e preço do produto dispara nos EUA (Oliver Bunic/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 24 de julho de 2025 às 06h03.

As siderúrgicas dos Estados Unidos aumentaram os preços do aço após o presidente republicano Donald Trump dobrar a tarifa sobre as importações do metal, de 25% para 50%. A Cleveland-Cliffs e a Steel Dynamics relataram alta nos valores cobrados no segundo trimestre, o que elevou os custos para fabricantes de veículos, equipamentos e bens duráveis.

Empresas como a Daimler Truck North America afirmaram que tentaram repassar parte do aumento ao consumidor, mas enfrentam resistência no mercado atual. A fabricante adicionou aproximadamente US$ 3.500 ao preço de um ônibus escolar quando as tarifas estavam em 25%. Com a alíquota em 50%, o impacto pode ser ainda maior.

O presidente-executivo da Daimler, John O'Leary, disse que os fabricantes americanos de aço passaram a ter maior liberdade para definir os preços. A empresa também informou a demissão de cerca de 2 mil trabalhadores em cinco unidades na América do Norte.

Aumento nas tarifas e impacto nos preços internos

No segundo trimestre de 2025, a Steel Dynamics vendeu aço a um preço médio de US$ 1.134 por tonelada, contra US$ 998 no trimestre anterior. Já a Cleveland-Cliffs comercializou a US$ 1.015 por tonelada, acima dos US$ 980 dos três primeiros meses do ano. Segundo dados oficiais do governo, o preço do aço nacional subiu 16% no acumulado do ano.

Lourenço Gonçalves, presidente da Cleveland-Cliffs, afirmou que as tarifas ajudaram a sustentar a indústria siderúrgica interna. Ele criticou concorrentes estrangeiros por receberem subsídios e pagarem salários mais baixos.

As importações de aço caíram 6,2% até maio, segundo o Instituto Americano de Ferro e Aço. Canadá, Brasil, Coreia do Sul e México seguem entre os principais exportadores para os EUA. As tarifas, que começaram em 2018 com base em um dispositivo legal de segurança nacional, foram ampliadas com o retorno de Trump à presidência.

Além de elevar as tarifas, o governo encerrou isenções a países exportadores e incluiu na taxação itens como fios, tubos e eletrodomésticos. Em junho, a Nippon Steel, do Japão, aceitou ceder participação acionária ao governo dos EUA ao adquirir a US Steel.

O governo afirma que as medidas são estratégicas para garantir fornecimento à indústria de defesa. Mas memorandos do Departamento de Defesa indicam que as necessidades militares representam cerca de 3% da produção nacional de aço.

Apesar de o aço americano ser o mais caro do mundo, as tarifas ainda não atingem as importações de minério de ferro e ferro-gusa, matérias-primas essenciais para o setor. Uma possível tarifa de 50% sobre todos os produtos vindos do Brasil poderia alterar esse cenário. O executivo da Cleveland-Cliffs defendeu a inclusão do ferro-gusa na lista tarifária.

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