Agência de notícias
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 07h50.
O governo interino do Peru declarou estado de emergência na terça-feira, 21, na capital Lima e na cidade portuária vizinha de Callao para enfrentar a onda de violência e extorsões atribuída ao crime organizado.
A medida, que permite mobilizar militares nas ruas e restringir direitos como a liberdade de reunião e a inviolabilidade de domicílio, afeta pelo menos dez milhões de pessoas.
" O estado de emergência aprovado pelo conselho de ministros entra em vigor à meia-noite de quarta-feira (duas horas em Brasília) e por trinta dias na região metropolitana de Lima e em Callao", disse o presidente José Jerí em uma breve mensagem transmitida pela televisão estatal.
Sob o estado de emergência, o governo poderá empregar as Forças Armadas em patrulhamentos ostensivos e colaborar com a polícia na manutenção da ordem. Uma das medidas proíbe que duas pessoas utilizem a mesma moto, modalidade frequentemente usada por criminosos.
A capital peruana já havia estado parcialmente sob estado de emergência entre março e julho, após o assassinato de um popular cantor de cúmbia cometido por assassinos de aluguel.
"Compatriotas, a delinquência cresceu de maneira desmesurada nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e prejudicando o progresso do país", disse Jerí em sua mensagem de menos de três minutos.
"Mas isso acabou. Hoje, começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru", acrescentou o presidente.
A medida é a primeira ação de maior alcance do novo governo, que está há menos de duas semanas no poder, em meio a uma crise de segurança que domina a pauta nacional.
"Passamos da defensiva para a ofensiva na luta contra o crime, uma luta que nos permitirá recuperar a paz, a tranquilidade e a confiança de milhões de peruanos", declarou Jerí, rodeado por seus ministros.As autoridades já haviam antecipado, em 16 de outubro, a intenção de decretar o estado de emergência diante da escalada de violência e dos protestos que deixaram um morto e mais de cem feridos, entre policiais e civis.
No dia 15 de outubro, manifestações lideradas por jovens geraram confrontos nas imediações do Congresso. Milhares protestaram contra a insegurança, o Legislativo e o recém-instalado governo de Jerí.
Os problemas na área de segurança pública culminaram na destituição da então presidente Dina Boluarte, no dia 10 de outubro.
Desde 2024, o Peru enfrenta um aumento expressivo da violência urbana, com uma onda de extorsões que transformou a insegurança na principal preocupação da população. As denúncias de extorsão saltaram de 2.396 em 2023 para mais de 17.000 em 2025, segundo dados oficiais.
Entre janeiro e setembro, o país registrou 20.705 denúncias de extorsão — um aumento de 28,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizadas 16.075 ocorrências, de acordo com a polícia.