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Payroll: EUA cria 147 mil empregos em junho, acima do esperado pelo mercado

Mercado de trabalho dos EUA mostra desaceleração no crescimento de empregos, enquanto desemprego cai para 4,1% levantando expectativas de cortes nas taxas de juros do Fed.

Payroll: relatório de empregos veio xxxx do esperado pelo mercado (Drazen_/Getty Images)

Payroll: relatório de empregos veio xxxx do esperado pelo mercado (Drazen_/Getty Images)

Publicado em 3 de julho de 2025 às 09h34.

Última atualização em 3 de julho de 2025 às 09h55.

Os Estados Unidos criaram 147 mil vagas de emprego em junho, segundo dados do relatório de empregos (payroll) divulgados nesta quinta-feira, 3, pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês). O número veio acima das expectativas do mercado, que previa a criação de 110 mil vagas — o menor nível em quatro meses, reflexo das políticas migratórias e tarifárias de Donald Trump. Em maio foram criados 139 mil postos de trabalho.

O desemprego nos Estados Unidos caiu de 4,3% pars 4,1% no período.

Os dados do payroll deste mês indicam uma desaceleração no ritmo de criação de empregos, mas ainda dentro da média dos últimos 12 meses, que foi de 146 mil novas vagas mensais. O crescimento de vagas foi mais expressivo em setores como governo estadual e saúde, enquanto o setor público federal continuou a registrar perdas de postos de trabalho. A perda no setor governamental federal foi de 7 mil vagas, totalizando uma redução de 69 mil postos desde o pico de empregos no setor, em janeiro deste ano.

A política de imigração mais rígida adotada pela administração Trump tem gerado impactos negativos em setores e economias regionais que dependem de trabalhadores estrangeiros, segundo o Wall Street Journal. No entanto, essa situação também implica em uma menor necessidade de contratações para manter a taxa de desemprego estável.

De acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira, 3, economistas do Brookings Institution e do American Enterprise Institute preveem que a imigração líquida para os Estados Unidos poderá cair para zero ou até mesmo se tornar negativa este ano. Isso significa que, para manter o desemprego constante, os EUA precisariam adicionar entre 10 mil e 40 mil empregos mensais no segundo semestre de 2025.

O setor de saúde continuou a mostrar sinais de robustez, com a adição de 39 mil postos de trabalho, número semelhante à média mensal do último ano, que foi de 43 mil vagas. Dentro do setor, hospitais e instalações de cuidados residenciais foram responsáveis pela maior parte das vagas, com 16 mil novas contratações em hospitais e 14 mil em cuidados de enfermagem e instalações residenciais.

A educação também apresentou um bom desempenho, com 47 mil novos empregos em governos estaduais, sendo a maior parte desses postos relacionada à educação, com 40 mil novos empregos. O emprego no setor de assistência social também seguiu uma tendência de crescimento, com 19 mil novos postos, sendo a maior parte voltada para serviços individuais e familiares.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, comentou na terça-feira que o banco central preferirá esperar para avaliar os impactos das tarifas sobre os preços e o emprego antes de tomar uma decisão sobre os juros. Powell afirmou que, enquanto a economia dos EUA permanecer saudável, o mais prudente seria adotar uma abordagem cautelosa e aguardar mais informações sobre esses efeitos .

Cenário do desemprego  

O número de desempregados de longo prazo, ou seja, aqueles que estão sem trabalho há 27 semanas ou mais, aumentou em 190 mil pessoas, totalizando 1,6 milhão de pessoas nessa condição. Esses trabalhadores representam 23,3% do total de desempregados, mostrando que uma parcela significativa da força de trabalho ainda enfrenta dificuldades em retornar ao mercado.

Além disso, o número de pessoas que estão marginalmente ligadas à força de trabalho, ou seja, aquelas que gostariam de trabalhar mas não estavam ativamente procurando trabalho, aumentou em 234 mil em junho, totalizando 1,8 milhão. Desses, 637 mil são considerados trabalhadores desanimados, ou seja, acreditam que não há empregos disponíveis para eles.

Crescimento dos salários e jornada de trabalho

Os salários médios por hora também apresentaram um pequeno aumento, subindo 8 centavos (ou 0,2%), para US$ 36,30. Esse aumento reflete um crescimento de 3,7% nos salários em comparação com o ano passado. No setor de produção e funcionários não supervisionados do setor privado, os salários médios subiram 9 centavos (ou 0,3%), para US$ 31,24.

Em termos de jornada de trabalho, o tempo médio de trabalho para os empregados no setor privado não agrícola caiu 0,1 hora, para 34,2 horas semanais. No setor manufatureiro, a jornada permaneceu estável em 40,1 horas, enquanto o número de horas extras também se manteve em 2,9 horas semanais.

Revisões nos dados de abril e maio

Além disso, os números de abril e maio foram revisados para cima. O número de empregos criados em abril foi ajustado de 147 mil para 158 mil, enquanto a criação de empregos em maio foi ajustada de 139 mil para 144 mil. Com essas revisões, o total de vagas criadas em abril e maio juntos foi 16 mil a mais do que o inicialmente reportado.

Esses dados de junho podem ter impacto nas expectativas de política monetária do Federal Reserve (Fed). Se o mercado de trabalho continuar a mostrar sinais de desaceleração, como indicam os números de crescimento mais baixos no payroll, os investidores podem antecipar que o Fed terá mais espaço para cortes de juros. O impacto desses cortes pode afetar diretamente a dinâmica do mercado de câmbio e os ativos financeiros globais.

Imediatamente depois da divulgação do payroll dos EUA, o dólar subia 0,37%, cotado a R$ 5,44.

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