O presidente da Ucrãnia, Volodymyr Zelensy, ao chegar em Ancara, na Turquia (Adem Altan/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 15 de maio de 2025 às 11h59.
As conversas de paz para tentar encerrar a Guerra da Ucrânia começaram de modo confuso nesta quinta-feira, 15, em Istambul. Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não compareceram ao encontro, e os dois governos trocaram ataques verbais.
Zelensky viajou até a Turquia, mas se recusou a participar das conversas porque Putin não apareceu. O líder russo, no entanto, não tinha prometido ir.
"Ainda não sei oficialmente o nível da delegação russa, mas, pelo que vemos, parece uma farsa", disse Zelensky, referindo-se ao fato de que a equipe de negociação anunciada pelo Kremlin não inclui nenhum ministro ou líder político de alto escalão.
Em resposta, o chanceler russo, Serguei Lavrov, chamou Zelensky de "patético". Primeiro, ele declara que exige um encontro pessoal com Putin. Ele é uma pessoa patética. Todos entendem a situação, exceto ele e os que o controlam", disse Lavrov, durante um discurso.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, também atacou Zelensky. "Quem usa a palavra 'farsa'? Um palhaço, um desgraçado, uma pessoa de qualificação acadêmica duvidosa em comparação com aqueles que, além de uma educação mínima, possuem diplomas científicos e medalhas", disse Zakharova no início de sua coletiva de imprensa.
Em uma tréplica, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Georgy Tikhi, lamentou que Lavrov esteja "latindo de Moscou" em vez de viajar para a Turquia para negociar com os ucranianos o fim da guerra.
"Vale a pena notar que a delegação (russa) na Turquia não é liderada pelo ministro das Relações Exteriores russo. Seu papel é latir de Moscou", escreveu Tikhi em sua conta na rede social X.
A delegação enviada pela Rússia é chefiada por seu assessor para assuntos culturais, Vladimir Medinsky. Segundo Moscou, a delegação russa inclui, entre outros, um vice-ministro das Relações Exteriores, um vice-ministro da Defesa e uma autoridade do Estado-Maior do Exército russo.
Em meio à confusão, as conversas que começariam de manhã, no horário local, foram adiadas para a parte da tarde.
No fim de semana, países europeus e os EUA deram um ultimato a Putin: ele deveria aceitar um cessar-fogo de 30 dias ou encarar novas sanções. Em seguida, Putin disse estar disposto a conversar e a negociação na Turquia foi marcada.
Zelensky então chamou Putin, publicamente, para uma conversa presencial, algo que os dois nunca tiveram desde o começo da invasão russa, em 2022. O líder russo se recusou a participar, e enviou uma delegação em seu lugar.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não haverá progresso nas conversas na Turquia até que ele e seu homólogo russo, Vladimir Putin, se encontrem pessoalmente.
"Olha, nada vai acontecer até que Putin e eu nos encontremos, ok?", disse Trump quando questionado por um repórter a bordo do Força Aérea Um - o avião presidencial americano - se estava decepcionado com o nível da delegação russa na Turquia.
"Não estou nem um pouco decepcionado (...) Por que estaria?" afirmou, acrescentando que "nem sequer verificou" quem estaria à frente da delegação russa na Turquia.
Trump está em uma viagem pelo Oriente Médio e poderia fazer uma parada na Turquia. Ele disse que poderia ir, mas deixou a opção em aberto.
Com EFE.