Foto tirada em 8 de maio de 2021 mostra uma placa da Organização Mundial da Saúde (OMS) na entrada de sua sede em Genebra (FABRICE COFFRINI/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 20 de maio de 2025 às 07h32.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nesta terça-feira, 20, um acordo internacional sobre a prevenção e cooperação contra pandemias, após mais de três anos de negociações intensas.
"Este acordo é uma vitória para a saúde pública, a ciência e a ação multilateral. Coletivamente, nos permitirá proteger melhor o mundo contra futuras ameaças pandêmicas", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado.
O texto foi adotado em Genebra, durante a reunião anual dos países membros da OMS, e instaura uma coordenação global mais precoce e eficaz para prevenir, detectar e responder rapidamente a futuras pandemias.
O pacto busca garantir um acesso equitativo a produtos de saúde em caso de nova pandemia, após o fracasso da coordenação coletiva enfrentada na covid-19, marcada por escassez e acúmulo desigual de vacinas e insumos.
O acordo foi aprovado na comissão na segunda-feira à noite com 124 votos a favor e nenhum contra. Alguns países, como Irã, Israel, Rússia, Itália, Eslováquia e Polônia, optaram por se abster.
Embora a saída dos Estados Unidos da OMS, anunciada por Donald Trump, só se torne efetiva em janeiro de 2026, Washington já se afastou das negociações e não enviou representantes à assembleia da organização.
O núcleo do acordo é o mecanismo chamado acesso a patógenos e compartilhamento de benefícios (PABS), que prevê a troca rápida e sistemática de informações sobre patógenos com potencial pandêmico.
Em caso de pandemia, cada empresa farmacêutica participante deverá fornecer à OMS acesso rápido a 20% da sua produção em tempo real de vacinas, tratamentos e diagnósticos seguros. Pelo menos 10% desse volume será doado, enquanto o restante será vendido a preços acessíveis.
Os detalhes operacionais do mecanismo ainda serão negociados ao longo dos próximos dois anos, antes da ratificação do acordo, que precisa de 60 ratificações para entrar em vigor.
O acordo reforça a vigilância multissetorial e a abordagem da “saúde única”, que integra saúde humana, animal e ambiental.
"Se levarmos em consideração que 60% das doenças emergentes são zoonoses, isto é obviamente importante", destacou Amprou, representante da OMS.
Além disso, o tratado incentiva investimentos nos sistemas de saúde para garantir que os países tenham recursos humanos suficientes e autoridades reguladoras fortes.
Durante os três anos de negociações, o acordo enfrentou oposição daqueles que temem que o pacto possa limitar a soberania dos Estados, um dos pontos centrais do debate internacional sobre cooperação em saúde global.