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Publicado em 11 de junho de 2025 às 05h54.
Depois de três meses em queda, a inflação nos Estados Unidos deve voltar a subir em maio.
A expectativa é de que os aumentos de preços comecem a refletir os efeitos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump nos últimos meses.
Segundo levantamento da Dow Jones Newswires e do Wall Street Journal, o índice de preços ao consumidor (CPI) deve avançar 2,4% em 12 meses, acima dos 2,3% registrados em abril. A inflação "core", que desconsidera alimentos e energia, deve subir 2,9%, contra os 2,8% do mês anterior.
O relatório, que será divulgado nesta quarta-feira, 11, pelo Departamento de Estatísticas Trabalhistas (BLS), pode indicar uma mudança de rumo na economia. Até agora, apenas pesquisas com empresas mostravam sinais de pressão inflacionária, como alta de preços e redução nas contratações.
Esses dados, considerados ‘leves’, passam a ser confirmados pelos chamados ‘dados duros’, como o índice oficial de inflação. "O relatório do CPI de maio deve começar a refletir a pressão de alta nos preços dos bens por causa das tarifas", afirmou Ronald Temple, estrategista da Lazard.
Ele afirma que muitas empresas estão evitando chamar atenção ao falar sobre aumentos de preços, mas precisam decidir entre repassar os custos, cortar despesas ou aceitar margens de lucro menores. “Elas têm que escolher entre proteger margens, cortar custos ou ver queda nas ações”, completou.
Um dos dados mais importantes do relatório será o índice de 'core goods', que mede os preços de produtos - excluindo serviços, alimentos e energia. É esse grupo que deve sentir mais os efeitos das tarifas, segundo economistas em entrevista ao site Investopedia.
Entre janeiro de 2024 e março de 2025, os preços desses bens vinham caindo mês a mês. Mas em abril, houve uma alta de 0,1%, e a previsão é que esse aumento se intensifique em maio.
"Esperamos uma leve pressão das tarifas, com aumentos em carros novos, roupas e eletrodomésticos", informou Michael Gapen, economista-chefe do Morgan Stanley.
O relatório também será acompanhado de perto pelo Federal Reserve. A meta do banco central é manter a inflação anual em torno de 2%, e os dados do CPI ajudam a compor esse cenário, mesmo que o Fed prefira usar outra medida, o índice de preços de gastos com consumo (PCE).
Ainda assim, uma aceleração do CPI pode fazer com que os juros permaneçam mais altos por mais tempo. Em 2025, o Fed manteve a taxa básica elevada, com receio de que as tarifas reacendam a inflação, segundo Investopedia.
"Não espero que o Fed aumente os juros por causa da inflação provocada por tarifas, mas também não antecipo cortes com a inflação core perto de 4%", finalizou Ronald Temple.