Agência de notícias
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 21h13.
O número 2 do Segunda Marquetália (grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc) e suspeito de assassinar o pré-candidato à Presidência da Colômbia Miguel Uribe, foi morto por rebeldes rivais do Exército de Libertação Nacional (ELN) em território venezuelano, anunciou o ministro da Defesa, Pedro Sánchez, nesta segunda-feira.
A morte foi anunciada poucas horas depois da morte de Uribe, que passou dois meses internado na UTI.
A Segunda Marquetália, liderada pelo ex-negociador Iván Márquez, voltou a pegar em armas após a assinatura do acordo de paz de 2016. Segundo a inteligência militar local, a organização de cerca de 2.000 combatentes é uma das principais suspeitas na investigação do atentado contra Uribe em 7 de junho.
— O ELN assassinou Zarco Aldinever em território venezuelano, muito próximo da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. Os motivos foram os mesmos de qualquer cartel: uma briga por tráfico de drogas. Aparentemente, eles roubaram um carregamento de cocaína entre si e uma disputa criminosa eclodiu entre os cartéis — explicou o ministro Sánchez em entrevista coletiva em Bogotá.
O ministro não especificou quando Aldinever, cujo nome verdadeiro era José Manuel Sierra, morreu, embora, segundo o centro de pesquisas Insight Crime, tenha sido no início de agosto.
Uribe, senador e candidato à presidência de 39 anos, morreu nesta segunda-feira após dois meses de internação em UTI e múltiplas cirurgias devido ao brutal ataque a tiros que sofreu durante campanha em Bogotá. Seis pessoas estão presas pelo ataque, incluindo o agressor de 15 anos que atirou duas vezes em sua cabeça.
— As conclusões da inteligência a que chegamos apontam para uma conexão muito importante entre os autores deste assassinato e (...) o cartel Segunda Marquetália — afirmou Sánchez.
De acordo com o Insight Crime, Sierra ingressou nas então Farc em 1990, quando tinha 14 anos. Após a assinatura do acordo de paz, ele reapareceu em 2019, vestindo uniforme camuflado e portando um fuzil, ao lado de outros rebeldes, em um vídeo anunciando seu rearmamento como Segunda Marquetália. Junto com o lendário Iván Márquez, eles alegaram violações do acordo por parte do Estado.
A morte de Uribe, o favorito da direita para as eleições presidenciais de 2026, reabre feridas em um país assolado pela violência e ataques contra políticos nas décadas de 1980 e 1990.
O governo do presidente de esquerda Gustavo Petro iniciou as negociações de paz com a Segunda Marquetália em meados de 2024 na Venezuela, mas elas estão atualmente suspensas devido à falta de progresso.
Sierra era uma figura-chave para dissidentes envolvidos no tráfico de cocaína nos departamentos de Meta, Cundinamarca e Boyacá, no centro do país.
Uribe era um crítico ferrenho do presidente Petro e da esquerda em geral. No Congresso, ele participou de vários debates contra as guerrilhas e a política do atual chefe de Estado de negociar a paz com elas. Também era um dos principais críticos das reformas sociais promovidas pelo mandatário.
Quando foi candidato à prefeitura de Bogotá, em 2019, Uribe se definiu como um político "transparente, sem nenhum escândalo de corrupção". Naquela época, ele defendia a linha dura contra o crime como caminho para solucionar os problemas de segurança da cidade e a luta contra o consumo de drogas.
O atentado contra o pré-candidato é um dos episódios mais sombrios da política colombiana neste século. Em 1948 e entre as décadas de 1980 e 1990, cinco candidatos à Presidência foram assassinados. A maioria dos casos envolveu, supostamente, os cartéis do narcotráfico em aliança com outros políticos e agentes do Estado.