Papa Leão XIV: para 45% dos brasileiros, o novo pontífice segue a mesma linha do Papa Francisco (Tiziana Fabi/AFP)
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 14h48.
Os primeiros 100 dias de pontificado do Papa Leão XIV foram recebidos com uma avaliação morna pelos brasileiros.
Segundo levantamento realizado pela Ipsos-Ipec, a maioria ainda observa o novo pontífice com reserva: 38% da população considera o início de seu papado ótimo ou bom, 28% avaliam como regular e 5% o classificam como ruim ou péssimo.
O dado mais marcante, no entanto, está na indefinição.
Quase um terço dos entrevistados (29%) afirmou não saber ou preferiu não responder, sinal de que, para muitos, Leão XIV ainda está em fase de observação.
“O alto percentual de pessoas que ainda não têm uma opinião formada não deve ser visto como desinteresse, mas como um período de observação atenta”, avalia Márcia Cavallari, diretora do Ipsos-Ipec.
A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 8 de julho, com 2.000 entrevistas em todo o Brasil, e tem margem de erro de dois pontos percentuais.
O recorte religioso evidencia diferenças significativas.
Entre os católicos, a aprovação ao papa sobe para 54% (21% ótimo e 33% bom), enquanto apenas 17% disseram não ter opinião.
Já entre os evangélicos, a percepção é mais cautelosa: apenas 22% avaliam positivamente o início do pontificado, e 41% afirmam não saber ou preferiram não responder.
O posicionamento político também aparece como fator de impacto. Entre os que avaliam positivamente o governo do presidente Lula, 55% consideram o início do papado ótimo ou bom. O índice cai para 30% entre os que avaliam o governo federal como ruim ou péssimo.
A diferença também se reflete no comportamento eleitoral de 2022: 46% dos eleitores de Lula no segundo turno aprovam Leão XIV, contra 33% dos que votaram em Jair Bolsonaro.
Questionados sobre se Leão XIV representa continuidade ou mudança em relação a Francisco, seu antecessor, a percepção majoritária é de que não houve ruptura.
Para 45% dos brasileiros, o novo pontífice segue a mesma linha, enquanto 18% enxergam alguma mudança e 9% acreditam haver uma grande mudança. Outros 29% não souberam ou preferiram não responder.
Entre católicos e eleitores de Lula, a percepção de continuidade é ainda mais forte: 51% e 50%, respectivamente, contra 41% dos eleitores de Bolsonaro.
A pesquisa também investigou se os brasileiros percebem atenção de Leão XIV a temas atuais como justiça social, meio ambiente e paz. Para 57% dos entrevistados, o papa tem dado muita (24%) ou alguma (33%) importância a esses temas.
Em contrapartida, 15% acreditam que ele não tem dado atenção suficiente, e 28% não opinaram.
Católicos, moradores do Nordeste e pessoas com 60 anos ou mais estão entre os que mais percebem engajamento. Já os evangélicos se mostram mais céticos: 20% dizem que o papa não tem dado importância às pautas.
Apesar da avaliação inicial considerada morna, há forte expectativa de que Leão XIV contribua para melhorar a imagem da Igreja Católica. Metade dos entrevistados acredita que ele pode contribuir muito nesse sentido, enquanto 25% acham que ele pode contribuir um pouco.
Entre os católicos, o otimismo é ainda maior: 62% acreditam que o novo papa pode ajudar significativamente a melhorar a imagem da Igreja.
O sentimento também é mais forte entre os que avaliam positivamente o governo Lula (61%) e entre eleitores do presidente em 2022 (57%). Regionalmente, o otimismo se destaca no Nordeste e no Norte/Centro-Oeste, com 57% e 56%, respectivamente.
Por outro lado, 9% dos brasileiros acreditam que Leão XIV não pode contribuir para a melhoria da imagem da instituição, e 16% não souberam ou preferiram não responder.