Mundo

Ministro das Relações Exteriores de Israel rejeita pressão internacional por cessar-fogo em Gaza

A crise humanitária em Gaza se agrava, enquanto Israel descarta qualquer cessar-fogo até que o Hamas perca o controle da região

Gideon Saar disse a jornalistas que encerrar o conflito enquanto o Hamas ainda está no poder em Gaza e mantendo reféns seria “uma tragédia tanto para israelenses quanto para palestinos” (Omar AL-QATTAA / AFP/AFP)

Gideon Saar disse a jornalistas que encerrar o conflito enquanto o Hamas ainda está no poder em Gaza e mantendo reféns seria “uma tragédia tanto para israelenses quanto para palestinos” (Omar AL-QATTAA / AFP/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 29 de julho de 2025 às 07h37.

Tudo sobreFaixa de Gaza
Saiba mais

O ministro das Relações Exteriores de Israel rejeitou nesta terça-feira o que chamou de “campanha distorcida” de pressão internacional por um cessar-fogo na guerra em Gaza e pelo reconhecimento de um Estado palestino.

Gideon Saar disse a jornalistas que encerrar o conflito enquanto o Hamas ainda está no poder em Gaza e mantendo reféns seria “uma tragédia tanto para israelenses quanto para palestinos”.

Nas últimas semanas, a pressão internacional tem aumentado para alcançar um cessar-fogo que permita às agências humanitárias levar ajuda alimentar a Gaza e evitar o que um organismo apoiado pela ONU agora descreve como uma fome “em curso”.

No entanto, em uma coletiva de imprensa em Jerusalém, o ministro israelense Gideon Saar insistiu que o Hamas é o único responsável pelo conflito e que a pressão sobre Israel apenas encorajará o grupo a manter uma postura ainda mais intransigente.

“Quando pedem para encerrar esta guerra, o que isso significa realmente? Encerrar a guerra enquanto o Hamas continua no poder em Gaza?”, questionou Saar.

“Estabelecer um Estado palestino hoje é estabelecer um Estado do Hamas, um Estado jihadista. Isso não vai acontecer”, acrescentou.

Crise humanitária e fome em Gaza atingem níveis alarmantes

A fala foi realizada no contexto em que a situação da fome em Gaza passa pelo pior momento devido à intensificação dos combates, aos deslocamentos em massa e às restrições de ajuda humanitária.

A crise humanitária no território palestino devastado por 22 meses de guerra "atingiu um ponto alarmante e letal", alertou o relatório IPC (Classificação Integrada da Segurança Alimentar) publicado nesta terça-feira.

O lançamento aéreo de mantimentos, recentemente autorizado por Israel, “não será suficiente para reverter a catástrofe humanitária”, alerta o documento, que observa que o uso de paraquedas para entrega de ajuda é mais caro, menos eficaz e mais perigoso do que os envios por via terrestre.

Este alerta do IPC coincide com o momento em que a ONU advertiu contra o uso da fome como arma de guerra e com o aumento da pressão internacional sobre Israel para pôr fim ao bloqueio total imposto à Gaza desde março.

“Os dados mais recentes indicam que os limiares de fome foram atingidos (...) na maior parte da Faixa de Gaza”, segundo o relatório, que acrescenta: “uma em cada três pessoas passa vários dias sem comer absolutamente nada”.

“Mais de 20 mil crianças foram atendidas por desnutrição aguda entre abril e meados de julho, das quais mais de 3 mil sofrem de desnutrição severa. Hospitais relataram um aumento rápido nas mortes ligadas à fome entre crianças com menos de cinco anos, com pelo menos 16 mortes registradas desde 17 de julho”, acrescenta o documento.

“É necessária uma ação imediata e em larga escala para pôr fim às hostilidades e permitir o acesso humanitário sem restrições”, argumentou o consórcio. “Não agir agora implicará em mortes em massa em grande parte da Faixa de Gaza.”

Acompanhe tudo sobre:IsraelHamasFaixa de GazaONU

Mais de Mundo

Israel intensifica preparativos para ofensiva em Gaza

Putin e Trump: mídia russa reage de forma negativa ao encontro de presidentes no Alasca

Venezuela se prepara para reação militar contra os EUA com 4,5 milhões de paramilitares mobilizados

Incerteza sobre aliança com os EUA leva Japão a reabrir debate sobre armas nucleares