Agência de notícias
Publicado em 11 de junho de 2025 às 19h02.
Última atualização em 11 de junho de 2025 às 19h23.
As Forças Armadas dos Estados Unidos autorizaram a “saída voluntária” de familiares de militares destacados em diferentes locais do Oriente Médio, em meio ao aumento das tensões com o Irã, disseram duas autoridades americanas à Associated Press nesta quarta-feira. A decisão é mais um sinal do agravamento da crise entre os dois países, que inclui movimentações diplomáticas e ameaças militares de ambos os lados.
Um dos representantes do Departamento de Defesa afirmou que a ordem partiu do secretário do órgão, Pete Hegseth. Em nota, o Pentágono afirmou que o Centcom (Comando Central dos EUA) está “trabalhando em estreita coordenação com nossos colegas do Departamento de Estado, bem como com nossos aliados e parceiros na região, para manter um estado constante de prontidão e apoiar uma série de missões em qualquer parte do mundo a qualquer momento”.
Mais cedo, a agência americana havia indicado que o Departamento de Estado americano estava se preparando para ordenar a retirada de todo o pessoal não essencial da Embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, devido ao risco crescente de instabilidade regional. A sede diplomática na capital iraquiana já operava com quadro reduzido, e a nova ordem não deve afetar um grande número de funcionários.
No entanto, o Departamento também autorizou a saída voluntária de funcionários não essenciais e familiares das embaixadas dos EUA no Bahrein e no Kuwait, permitindo que esses decidam se desejam ou não deixar os países. Segundo outra autoridade, o Pentágono está em alerta para apoiar uma possível evacuação da embaixada dos EUA em Bagdá.
A escalada ocorre em meio a um impasse nas negociações sobre o programa nuclear iraniano. Em pronunciamento nesta quarta-feira, o ministro da Defesa do Irã, general Aziz Nasirzadeh, afirmou que, caso as conversas fracassem e um conflito militar seja imposto ao país, Teerã atacará diretamente bases americanas instaladas em nações vizinhas.
— Alguns representantes do outro lado ameaçam com conflito caso as negociações não tenham sucesso. Se o conflito nos for imposto, as baixas do inimigo certamente serão maiores que as nossas, e nesse caso os EUA terão de deixar a região. Todas as bases dos EUA estão ao nosso alcance e as atacaremos sem hesitação nos países anfitriões — disse Nasirzadeh.
A nova rodada de negociações entre EUA e Irã está prevista para esta semana. O presidente americano, Donald Trump, afirmou que as conversas ocorrerão na quinta-feira, enquanto Teerã diz que elas acontecerão no domingo, em Omã. Espera-se que o Irã apresente uma contraproposta ao acordo anteriormente rejeitado, enquanto Trump acusou o país persa de adotar uma postura “muito mais agressiva”.
Teerã e Washington têm se desentendido especialmente em relação ao enriquecimento de urânio no território iraniano, prática vista por potências ocidentais como possível caminho para o desenvolvimento de armas nucleares. O Irã insiste que seu programa tem fins pacíficos.
Outro impasse diz respeito ao programa de mísseis iraniano. Nasirzadeh afirmou que o país testou recentemente um míssil com ogiva de 2 toneladas e deixou claro que Teerã não aceitará limitações nessa área. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, já havia declarado em fevereiro que o país deveria continuar desenvolvendo suas capacidades militares, incluindo mísseis balísticos.
Mais cedo, o centro britânico de Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido, iniciativa britânica com base no Oriente Médio, emitiu um alerta recomendando cautela a navios que cruzem o Golfo Pérsico, o Golfo de Omã e o Estreito de Ormuz. O aviso não citou diretamente o Irã, mas mencionou o risco de aumento da atividade militar na região.
Enquanto isso, o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pode votar uma resolução para censurar o Irã. A medida pode dar início a um processo de reativação das sanções da ONU ao país, por meio de um mecanismo previsto no acordo nuclear firmado por Teerã com potências globais em 2015 — pacto que permanece parcialmente em vigor até outubro.
Em meio às notícias sobre a possível evacuação de embaixadas, a missão iraniana na ONU publicou em suas redes sociais que “ameaças de força esmagadora não mudarão os fatos”. A representação também afirmou que o Irã “não busca uma arma nuclear, e o militarismo dos Estados Unidos apenas alimenta a instabilidade”.