Repórter
Publicado em 20 de setembro de 2025 às 15h26.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reunirá com o líder argentino Javier Milei na próxima terça-feira, 23 de setembro, em Washington. A confirmação do encontro foi feita pelo porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, neste sábado, 20.
A reunião ocorre em meio a um cenário econômico desafiador para o governo argentino, que enfrenta uma queda no mercado após a derrota nas eleições locais.
No entanto, Adorni não revelou mais detalhes sobre a conversa entre os líderes e expectativas de Buenos Aires. A Casa Branca ainda não emitiu um comunicado sobre o assunto.
Nesta sexta-feira, 19, Javier Milei confirmou que o governo está negociando um novo empréstimo com o Tesouro dos Estados Unidos. O presidente argentino também afirmou que está desenvolvendo estratégias para garantir o pagamento de cerca de US$ 9,5 bilhões de sua dívida, com vencimento no próximo ano.
"Essas negociações levam tempo, mas até que sejam confirmadas, não faremos nenhum anúncio. Mas estamos trabalhando muito, estamos muito avançados e é apenas uma questão de tempo", disse Milei em entrevista ao jornal La Voz del Interior."Estamos fazendo um grande esforço, já alcançamos avanços significativos, e agora é uma questão de tempo."
Em seu discurso anterior, Milei atribuiu as tensões que abalam os mercados financeiros domésticos ao "pânico" político, que, em sua opinião, é gerado pela oposição.
Durante a entrevista, o presidente voltou a culpar a oposição pela turbulência macroeconômica que o país atravessa às vésperas das eleições legislativas nacionais de 26 de outubro: "Eles estão nos torpedeando desde fevereiro, então o plano não funciona. Eles querem que tudo desmorone. Teremos uma grande eleição para implementar as reformas."
As tensões no mercado vêm crescendo desde meados deste ano, mas aumentaram nas últimas semanas, não apenas pelas incerteza política em torno das próximas eleições, mas também pelas dúvidas dos investidores sobre o programa econômico de Milei.
Em entrevista à Bloomberg, o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, afirmou nesta quinta-feira: "confiamos plenamente no programa econômico e não vamos nos desviar dele".
Entre quarta e sexta-feira, o Banco Central argentino vendeu um total de US$ 1,11 bilhão na tentativa de conter a alta do preço da moeda americana em meio à crescente pressão cambial.Somente em setembro, o índice S&P Merval, que reúne as principais ações argentinas, despencou 15%, enquanto os títulos soberanos denominados em dólar recuaram entre 21,5% e 30,7%, e o índice de risco-país da Argentina subiu para 1.454 pontos-base nesta sexta-feira, seu nível mais alto em um ano.
A turbulência também abalou o peso argentino, que se desvalorizou 10% neste mês em relação ao dólar americano.