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Macron nomeia Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro da França

Aliado do presidente da França será o quinto primeiro-ministro do país em dois anos, em meio à crise política

 Sébastien Lecornu: aliado de Emmanuel Macron é nomeado novo primeiro-ministro da França  (Moritz Frankenberg/picture alliance/Getty Images)

Sébastien Lecornu: aliado de Emmanuel Macron é nomeado novo primeiro-ministro da França (Moritz Frankenberg/picture alliance/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 15h20.

Última atualização em 9 de setembro de 2025 às 16h18.

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O presidente francês Emmanuel Macron escolheu Sébastien Lecornu como o novo primeiro-ministro do país. Com essa nomeação, o aliado de longa data de Macron tem a missão de tentar aprovar um orçamento federal em um parlamento fragmentado. As informações são da Bloomberg.

Lecornu, que anteriormente exerceu a função de ministro da Defesa, será o quinto primeiro-ministro do país em dois anos. Os dois últimos premiês foram destituídos após tentativas fracassadas de aprovar orçamentos que visavam reduzir o déficit da França, o maior da zona do euro.

Desafios pela frente na França

Parlamentares de diversas esferas políticas, especialmente da extrema direita, com a União Nacional, e da esquerda, com a França Insubmissa, se opuseram à continuidade das políticas de Macron, pedindo novas eleições legislativas.

O governo minoritário de Lecornu dependerá do apoio de forças de esquerda ou direita para conseguir aprovar o orçamento para 2026 ou, pelo menos, de um número suficiente de parlamentares que não obstruam o governo caso imponha a medida sem uma votação.

Aos 39 anos, Lecornu é o único ministro que permanece no governo de Macron desde sua posse, em 2017. Ele assume o cargo de primeiro-ministro após uma coalizão de parlamentares tanto da extrema direita quanto da esquerda destituir François Bayrou, que havia convocado uma moção de confiança na tentativa fracassada de obter apoio para suas reformas orçamentárias.

Bayrou estava pressionando por um orçamento que visava reduzir o déficit francês em 2026 para 4,6% do PIB, em comparação com a estimativa de 5,4% para este ano.

Desafios do novo premiê

O orçamento da França para 2026 será um dos primeiros grandes desafios para o novo premiê que, para evitar o mesmo destino de seus predecessores, precisará ajustar rapidamente os planos fiscais para garantir, no mínimo, o apoio tácito de alguns opositores políticos de Macron.

"Somos contra qualquer continuidade das políticas de Macron", afirmou o líder socialista Olivier Faure a repórteres na terça-feira. "Eu gostaria de ver uma mudança significativa de rumo."

Crise ininterrupta

A atual crise política surge um ano após Macron ter convocado uma eleição antecipada que falhou em consolidar o poder centrista diante da ascensão da extrema direita no país. Desde então, o parlamento se dividiu em três blocos rivais: a União Nacional, maior partido da câmara baixa, um bloco de esquerda e um centro fragilizado que ainda dá suporte a Macron.

Ex-integrante do Partido Republicano de centro-direita, Lecornu é um dos maiores defensores dos esforços de Macron para fortalecer a capacidade militar da França, que incluíram um aumento substancial no orçamento do Exército e o compromisso de envolvimento ativo na proteção da Ucrânia.

Lecornu também é reconhecido por seus laços com figuras da extrema direita francesa, como a líder da União Nacional, Marine Le Pen, numa relação que pode lhe dar alguma vantagem nas negociações orçamentárias.

Apesar dessa "vantagem", o apoio ainda não está garantido, especialmente depois que o presidente do partido, Jordan Bardella, alertou na terça-feira que qualquer novo governo precisaria se afastar das políticas de Macron.

"Para nós, é ou uma eleição antecipada, ou nada", disse Bardella à emissora francesa RTL. "Qualquer outro primeiro-ministro nomeado por Emmanuel Macron será derrubado."

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