Trump também acusa Harvard de não proteger adequadamente seus estudantes judeus ou israelenses durante os protestos no campus (Saul Loeb/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 22h40.
Uma juíza dos Estados Unidos revogou, nesta quarta-feira (3), o congelamento de fundos imposto pelo governo do presidente Donald Trump à Universidade de Harvard, acusada de antissemitismo e parcialidade.
"O tribunal revoga e anula" as decisões da administração nesse sentido, considerando-as uma "violação da Primeira Emenda" da Constituição, declarou a juíza federal Allison Burroughs, de Boston, em referência às ordens emitidas a partir de 14 de abril de 2025.
Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump tem acusado a prestigiosa universidade americana de ser um terreno fértil para a ideologia "woke", um termo pejorativo usado pela direita para descrever políticas de promoção da diversidade.
Trump também acusa Harvard de não proteger adequadamente seus estudantes judeus ou israelenses durante os protestos no campus que pediam um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Como represália, o governo republicano retirou pouco mais de 2,6 bilhões de dólares (14,2 bilhões de reais, na cotação atual) em subsídios federais destinados a Harvard, incluindo aqueles para o setor de saúde, e revogou sua certificação no sistema que autoriza estrangeiros a estudar nos Estados Unidos.
A juíza se manifestou após uma ação apresentada pela universidade.
"É evidente, mesmo com base unicamente nas próprias admissões de Harvard, que a universidade foi impactada pelo antissemitismo nos últimos anos e poderia (e deveria) ter enfrentado melhor o problema", escreveu.
"Dito isso, na realidade existe pouca conexão entre a pesquisa afetada pelo cancelamento dos subsídios e o antissemitismo", acrescentou.
A juíza, nomeada pelo ex-presidente democrata Barack Obama, afirmou que as evidências que analisou sugerem que Trump "usou o antissemitismo como pretexto para um ataque seletivo e ideológico contra as principais universidades do país".
Os cortes no financiamento para Harvard obrigaram a instituição a implementar um congelamento de contratações e a pausar programas de pesquisa ambiciosos, sobretudo nas áreas de saúde pública e medicina. Especialistas alertaram que essas interrupções colocam em risco a vida de americanos.