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Irã intensifica ataques a Israel e descarta interrupção de programa nuclear

Masoud Pezeshkian ameaça resposta devastadora enquanto a guerra entre os dois países segue em escalada

Publicado em 21 de junho de 2025 às 20h25.

Última atualização em 21 de junho de 2025 às 22h12.

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, ameaçou Israel neste sábado, 21, com uma resposta "ainda mais devastadora" aos ataques realizados por Tel Aviv, além de descartar a interrupção do programa nuclear iraniano. A declaração ocorreu no nono dia do conflito, que segue sem solução à vista.

Em resposta, Israel atacou a cidade de Shiraz, no sul do Irã, que abriga instalações militares. As defesas aéreas de Shiraz foram ativadas para combater aviões israelenses, segundo a mídia local.

As declarações foram dadas horas antes de os Estados Unidos fazerem um bombardeio a três instalações nucleares no Irã, na noite de sábado.

Na madrugada do domingo, 22, no horário local de Teerã, autoridades iranianas confirmaram um ataque com drones contra alvos israelenses, em mais uma escalada no décimo dia de guerra entre os dois países. "Uma grande onda de drones de ataque e camicazes está em direção a alvos estratégicos em todo o território israelense", afirmou Ali Mohammad Naini, porta-voz da Guarda Revolucionária, em entrevista à televisão estatal iraniana, segundo a agência de notícias AFP.

Irã reafirma seu compromisso com o programa nuclear

Em uma conversa telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron, Pezeshkian afirmou que a resposta à "agressão contínua do regime sionista" será ainda mais devastadora. Ele também reiterou que o Irã não concorda em reduzir suas atividades nucleares para zero em nenhuma circunstância.

A campanha militar israelense contra o Irã, iniciada em 13 de junho, visa evitar que Teerã desenvolva armas nucleares. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, afirmou que a guerra "adiou em pelo menos dois ou três anos" o desenvolvimento de uma bomba atômica no Irã.

AIEA não encontra indícios de fabricação de armas nucleares

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou que não há indícios de que o Irã esteja fabricando armamento nuclear.

No entanto, Israel não divulga informações sobre seu suposto arsenal atômico. O Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês) estima que Israel tenha cerca de 90 ogivas nucleares.

Escalada militar e impactos humanitários

Irã e Israel trocaram ataques neste sábado, e várias explosões foram ouvidas nas zonas central e norte de Teerã. O Exército israelense informou que eliminou três altos responsáveis da Guarda Revolucionária.

O Irã também confirmou que os bombardeios israelenses atingiram uma fábrica de centrífugas em Isfahan, embora não tenha ocorrido impacto radiológico. As autoridades iranianas alegam que o reator de Arak, atacado por Israel, é dedicado às áreas de saúde e medicina.

O Ministério da Saúde iraniano informou que mais de 400 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas desde o início da guerra. Em Israel, os ataques de represália iranianos causaram pelo menos 25 mortes.

Negociações nucleares paralisadas

O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que o Irã não retomará as negociações nucleares com os Estados Unidos até que os bombardeios israelenses cessem. Desde abril, os Estados Unidos e o Irã haviam realizado várias rodadas de negociações sobre o programa nuclear de Teerã, mas os ataques israelenses interromperam esses contatos.

Os rebeldes huthis do Iémen, que haviam firmado um acordo de cessar-fogo com os EUA em maio, ameaçaram atacar navios americanos no Mar Vermelho caso os Estados Unidos se envolvam diretamente no conflito.

*Com AFP

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