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Repórter
Publicado em 3 de outubro de 2025 às 11h39.
Última atualização em 3 de outubro de 2025 às 11h40.
Uma morte confirmada e sete em investigação: esse é o saldo até agora da crise de intoxicação por metanol no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. No estado de São Paulo, há uma morte confirmada e outras cinco em investigação. Em Pernambuco, há duas mortes suspeitas.
Ao todo, o ministério registrou 11 casos de contaminação confirmados e monitora outros 48 suspeitos. O balanço foi divulgado pelo ministro Alexandre Padilha, que anunciou a instalação de uma Sala de Situação para coordenar a resposta à emergência.
O episódio coloca o Brasil no mapa de países que já enfrentaram tragédias semelhantes. Na última década, surtos fatais de envenenamento por metanol foram registrados em países como Laos, Índia, Rússia e Indonésia, segundo informações da imprensa internacional e da Methanol Poisoning Initiative (MPi), ligada à organização Médicos Sem Fronteiras.
Em setembro de 2025, 25 pessoas morreram na região de Leningrado, na Rússia, após ingerirem álcool adulterado com altos níveis de metanol, segundo informações da agência AFP. As vítimas foram registradas entre os dias 10 e 17 de setembro no distrito de Volosovsky. Três suspeitos foram detidos e aguardam julgamento.
Um dos episódios mais marcantes ocorreu em 2016, em Irkutsk, na Sibéria, quando mais de 60 pessoas morreram após consumir óleo de banho contrabandeado com metanol. Na época, o porta-voz do presidente Vladimir Putin descreveu o caso como uma “terrível tragédia”, enquanto o então premiê Dmitry Medvedev defendeu medidas imediatas para proibir esses produtos.
Casos de intoxicação em massa por bebidas clandestinas não são incomuns no país. Analistas estimam que até 12 milhões de russos consumam substitutos de álcool, como perfumes, loções pós-barba, anticongelante e limpadores de vidro, especialmente em áreas rurais e mais pobres.
A Índia registra episódios frequentes de mortes por bebidas clandestinas. Em maio de 2025, pelo menos 21 pessoas morreram e outras 10 foram hospitalizadas no estado de Punjab após consumir álcool adulterado com metanol, segundo informações da agência AFP.
Em junho de 2024, um surto em Tamil Nadu deixou 53 mortos e quase 100 hospitalizados na região de Kallakurichi, de acordo com o New York Times.
Em outros episódios recentes houve mais de 150 mortos em Assam (2019), 120 em Punjab (2020) e 70 em Bihar (2022).
Em 2015, 90 pessoas morreram em Mumbai, no oeste do país, após beberem uma bebida alcoólica adulterada.
Em novembro de 2024, pelo menos seis turistas estrangeiros morreram na cidade de Vang Vieng, em Laos, após um possível caso de envenenamento por metanol em bebidas alcoólicas, segundo informações publicadas pela BBC. Entre as vítimas estavam duas jovens da Austrália, duas da Dinamarca, um britânico e um americano.
As autoridades locais investigam as circunstâncias das mortes. O episódio levou países como Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia a emitirem alertas para viajantes sobre os riscos do consumo de álcool adulterado no país.
Em abril de 2018, pelo menos 86 pessoas morreram e mais de 140 foram hospitalizadas na Indonésia após consumir bebidas alcoólicas ilegais com metanol, segundo a CNN. A maioria dos casos ocorreu em West Java, mas também houve registros em Jacarta e South Kalimantan.
No mesmo ano, a Malásia enfrentou um surto semelhante, que deixou ao menos 21 mortos e dezenas de hospitalizados, segundo a Reuters. Posteriormente, veículos locais, como o Malay Mail, elevaram o balanço para até 45 vítimas fatais.
Em junho de 2015, cerca 70 pessoas morreram no sul da Nigéria depois de ingerir gim de fabricação caseira que continha uma grande quantidade de metanol.
Segundo as autoridades sanitárias do estado de Rivers, as mortes foram consequência do consumo de ogogoro - o nome local deste gim artesanal - em cinco diferentes localidades do estado.
Em 2014, um tribunal cubano condenou a penas de até 30 anos de prisão 13 envolvidos no roubo e venda de metanol, que, em 2013, provocou a intoxicação de uma centena de pessoas, das quais 11 morreram, segundo informações do jornal oficial Granma.
Cerca de 60 litros de álcool metílico foram roubados em julho de 2013 do Instituto de Farmácia e Alimentos (IFAL) da Universidade de Havana por dois vigilantes. O produto do roubo foi entregue a pessoas que o venderam em um bairro da capital como se fosse rum.
Dois vigias do IFAL, Ramón Hernández Argudín e Augusto César Valdés Alonso, que roubaram o metanol, foram condenados a 30 e 27 anos de prisão, respectivamente, sob acusações de roubo, homicídio por imprudência e lesões graves.