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Publicado em 6 de maio de 2025 às 10h25.
Última atualização em 6 de maio de 2025 às 10h57.
A Igreja Católica dá início nesta quarta-feira, 7, ao Conclave que definirá o próximo líder da instituição religiosa.
Durante a votação, os cardeais eleitores se reunirão a portas fechadas na Capela Sistina para escolher o sucessor de Francisco.
Este Conclave será o mais internacional da história, com representantes de 70 países, abrangendo todos os cinco continentes.
A seguir, veja tudo o que se sabe sobre a eleição, regida pela constituição apostólica 'Universi Dominici Gregis', promulgada por João Paulo II em 1996. A data do início do Conclave ainda não foi determinada.
Os 133 cardeais eleitores, com menos de 80 anos, se dirigem para a residência de Santa Marta, no Vaticano, onde permanecerão hospedados durante todo o período do Conclave.
Na manhã do primeiro dia, os purpurados participam de uma missa solene na Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. A cerimônia está agendada para ocorrer às 10h no horário local (5h em Brasília).
Durante a tarde, os cardeais se vestem com o hábito coral e se reúnem na Capela Paulina do Palácio Apostólico. Em procissão para a Capela Sistina, eles invocam a ajuda do Espírito Santo. Sob a famosa abóbada pintada por Michelangelo, prestam juramento com a mão sobre o Evangelho.
Seguindo um rito tradicional da Idade Média, o mestre de cerimônias pronuncia a frase "extra omnes" (todos fora), o que faz com que aqueles que não participam da eleição deixem a sala. As portas são então fechadas, garantindo que os cardeais fiquem isolados de qualquer influência externa.
Por sorteio, três cardeais são designados como "escrutinadores", outros três como "infirmarii" (responsáveis por recolher o voto dos purpurados doentes) e mais três como revisores para garantir a precisão na contagem dos votos.
Sentados juntos, os cardeais recebem cédulas retangulares com a inscrição "Eligo in Summum Pontificem" ("Elejo como Sumo Pontífice") na parte superior, deixando um espaço em branco abaixo para o nome do candidato. Os eleitores escrevem à mão o nome de seu escolhido, sempre "com caligrafia o mais irreconhecível possível", e dobram a cédula. Em princípio, votar no próprio nome é proibido.
Cada cardeal, por turnos, se dirige ao altar, segurando sua cédula no ar para que seja visível e pronunciando em voz alta o juramento em latim: "Ponho por testemunha a Cristo Senhor, que me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito". Após isso, deposita sua cédula em um prato, desliza-a na urna diante dos escrutinadores, faz uma reverência diante do altar e volta para sua cadeira.
Cardeais cujo estado de saúde ou idade avançada os impede de se aproximar do altar entregam seus votos a um escrutinador, que os deposita na urna em seu lugar.
Uma vez recolhidas todas as cédulas, um escrutinador agita a urna para misturá-las, transfere as cédulas para um segundo recipiente e outro cardeal realiza a contagem. Dois escrutinadores anotam os nomes, enquanto um terceiro lê em voz alta e perfura as cédulas com uma agulha no ponto onde está a palavra "Eligo". Os revisores verificam, então, se não houve erros durante o processo.
Os cardeais realizam quatro votações por dia, menos no primeiro dia. Às 16h30 (11h30 em Brasília), a primeira votação será iniciada, com previsão de conclusão até às 19h (14h em Brasília). Após isso, a fumaça que indica a eleição (ou não) de um novo Pontífice será lançada.
A partir do segundo dia de votações, o Conclave segue um cronograma regular: são realizadas quatro votações diárias, divididas em duas pela manhã e duas à tarde. Contudo, o público acompanha apenas duas fumaças diárias: a primeira por volta das 12h (7h em Brasília) e a segunda às 17h30 (12h30 em Brasília). As cédulas das votações da manhã e da tarde são queimadas em conjunto, o que explica o número reduzido de fumos visíveis.
Se o novo Papa for eleito já na primeira votação de uma das sessões, a fumaça branca pode surgir antes do horário estipulado, sinalizando que o quórum de dois terços foi atingido. Após a fumaça branca, o anúncio oficial — o tradicional “Habemus Papam” — costuma ser feito entre 45 minutos e uma hora depois, com o novo Pontífice se apresentando à multidão na sacada da Basílica de São Pedro.
Horários de votação
Uma regra permanece imutável durante o Conclave: a partir do momento em que começa, os cardeais juram manter tudo o que ocorre em segredo, sob pena de excomunhão. Qualquer contato com o exterior, seja por meio de telefones, internet ou jornais, é estritamente proibido, exceto em casos muito excepcionais.
Todos os locais onde os cardeais vivem e trabalham estão cobertos por dispositivos de interferência que impedem o uso de telefones e tablets. Além disso, enquanto os cardeais caminham da residência de Santa Marta até a Capela Sistina, o tráfego de veículos e pedestres é interrompido para evitar qualquer contato.
Todos os funcionários que trabalham em áreas do Conclave, como motoristas, cozinheiros, recepcionistas, faxineiros, enfermeiros ou médicos, também prometem guardar silêncio, em uma cerimônia solene.
No histórico recente, nas eleições de Francisco, em 2013, e Bento XVI, em 2005, as votações foram resolvidas em apenas dois dias. Os cardeais afirmaram à imprensa que acreditam que a votação se estenderá por dois, no máximo três dias.
Para o Conclave deste ano, o Vaticano prorrogou até 31 de maio as credenciais temporárias de jornalistas que cobrem a Santa Fé. O calendário de imprensa também indica como período de funeral e Conclave as datas entre 21 de abril e 11 de maio.
Para ser eleito papa, o nome precisa ter dois terços dos votos, que são secretos e queimados após a contagem. Como o Conclave vai reunir 133 cardeias, serão necessários ao menos 89 votos.
O cardeal eleito deverá responder a duas perguntas do decano: "Aceita sua eleição canônica para Sumo Pontífice?" e "Como deseja ser chamado?". Caso responda, sim, à primeira, torna-se papa e bispo de Roma.
Um por um, os cardeais expressam um gesto de respeito e obediência ao novo papa, antes do anúncio aos fiéis.
Da varanda da basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono anuncia "Habemus papam". Em seguida, o novo pontífice aparece e pronuncia a bênção "urbi et orbi" (À cidade e ao mundo).
Segundo a imprensa especializada, 15 nomes são os favoritos para ser eleito o novo papa. Entre os cardeais cotados para assumir o pontificado, destacam-se nomes que representam diferentes regiões do mundo e correntes ideológicas dentro da Igreja, desde perfis mais progressistas, alinhados ao legado de Francisco, até figuras com postura mais conservadora.