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Governo Lula avalia que COP30 não atrapalhará negociações de tarifas com Trump

Presidente brasileiro fez críticas indiretas ao governo americano durante o evento na sexta-feira

Presidente Lula cumprimenta autoridades estrangeiras durante foto de família da COP30, em Belém (Leandro Fonseca/Exame)

Presidente Lula cumprimenta autoridades estrangeiras durante foto de família da COP30, em Belém (Leandro Fonseca/Exame)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 8 de novembro de 2025 às 08h01.

Belém - O governo brasileiro avalia, internamente, que a realização da COP30 no Brasil não deve atrapalhar as conversas com os Estados Unidos para reduzir as tarifas de importação impostas ao país.

Segundo um interlocutor do Palácio do Planalto, que falou com a EXAME de forma reservada, o presidente Lula, durante a reunião na Malásia, em 26 de outubro, fez um convite formal ao presidente Donald Trump para que ele viesse à COP30, mesmo que fosse para defender sua posição contra o combate às mudanças climáticas. O líder americano declinou do convite e teria dito que achava melhor não vir.

"Ele sabe quais são as nossas posições, e elas não vão ser minimizadas por conta de uma possível agenda divergente com os Estados Unidos. Brasil e Estados Unidos vão ter de aprender a lidar com as diferenças", disse um funcionário do Planalto, que acompanha de perto as negociações.

Em setembro, Trump fez um discurso duro na ONU sobre as mudanças climáticas, que ele chamou de "a maior armação já feita".

Embora o governo americano não tenha tomado medidas diretas contra a COP30, a gestão Trump tem agido em outros espaços. Poucas semanas antes do evento, os EUA pressionaram a Organização Marítima Internacional a não avançar com um projeto que estimularia o uso de combustíveis sustentáveis em navios.

Lula criticou a interferência americana publicamente durante a Cúpula de Líderes da COP30, nesta sexta-feira, 7.

"O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção nos setores mais desafiadores, como a indústria e os transportes. É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a Organização Marítima Internacional a adiar esse passo", disse o líder brasileiro.

Além disso, durante a cúpula, os presidentes da Colômbia e do Chile fizeram críticas a Trump em seus discursos.

“Hoje, literalmente, o senhor Trump está contra a humanidade. Sua ausência aqui demonstra isso –Trump está contra a humanidade”, disse Gustavo Petro, presidente da Colômbia.

“Estamos vivendo tempos em que surgem vozes que decidem ignorar ou negar as evidências científicas sobre a crise climática. Acontece que o presidente dos Estados Unidos, na última Assembleia Geral da ONU, disse que a crise climática não existe –isso é mentira”, disse Gabriel Boric, presidente do Chile.

Crise após encontro do Brics

A atual onda de tarifas contra o Brasil teve início justamente após outra cúpula global realizada no país. Em julho, o Brasil recebeu o encontro do Brics, e Trump se revoltou com críticas ao uso do dólar e às barreiras comerciais feitas durante o encontro. O evento foi realizado em 6 e 7 de julho, e a taxa de 50% ao país foi anunciada no dia 9.

Os dois países, tiveram, em seguida, dois meses de relações tensionadas, em que os Estados Unidos se recusavam a abrir canais de negociação com o Brasil.

O cenário mudou após um encontro presencial de Lula e Trump na Assembleia da ONU, em setembro, quando os dois presidentes conversaram por menos de um minuto. Em seguida, as negociações foram abertas, e os dois presidentes fizeram uma reunião na Malásia, em 26 de outubro.

Agora, o governo brasileiro espera o avanço das conversas. Há a expectativa de que o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, converse com o secretário de Estado Marco Rubio durante um encontro de ministros do G7, na próxima terça, 11, e quarta-feira, 12, na região de Niágara, no Canadá.

Nesta conversa, Vieira tentará marcar a data de uma reunião de negociadores de Brasil e Estados Unidos para avançar o debate sobre as tarifas. A expectativa do governo é que essa reunião seja marcada ainda para novembro ou até o fim do ano.

Assim, caso as coisas não avancem e o governo avalie que há má vontade do lado americano, o passo seguinte é que Lula contate Trump diretamente para pedir o avanço das conversas. Os dois líderes trocaram contatos diretos.

"Eles podem estar usando a demora como um instrumento de negociação, para ver até onde estamos desesperados", diz o membro do governo.

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