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Falaria com Trump no corredor da ONU se eu fosse presidente, diz Temer ao defender diálogo

Ex-presidente pediu reaproximação entre os dois países como forma de solucionar a crise diplomática

Michel Temer, ex-presidente, durante o evento Macro Day (Divulgação )

Michel Temer, ex-presidente, durante o evento Macro Day (Divulgação )

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 18h26.

Última atualização em 22 de setembro de 2025 às 19h25.

O ex-presidente Michel Temer defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busque diálogo com o presidente americano Donald Trump, e que poderia aproveitar a Assembleia Geral da ONU, realizada nesta semana em Nova York, como oportunidade.

"Eu diria, 'olha aqui, para um minutinho aqui, presidente. Então, vamos conversar um pouco sobre a relação Brasil e Estados Unidos'. Eu acho que é isso que tem de acontecer e a saída é por aí", disse Temer, ao ser perguntado sobre o tema, durante o evento Macro Day, do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), nesta segunda-feira, 22.

"As pessoas costumam falar em Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, mas não são eles. A relação é entre o presidente da República Federativa do Brasil e o presidente dos Estados Unidos da América. Então deveria ter havido uma espécie de um telefonema, não é?", afirmou Temer.

"Tenho quase absoluta convicção de que o presidente dos Estados Unidos atenderia. Mas, se não atender, o presidente teria dado uma satisfação ao povo brasileiro. 'Olha, eu liguei, não atendeu. Vou tentar novamente", disse o ex-presidente.

Temer condenou as sanções aplicadas nesta segunda-feira, 22, contra Viviane de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e uma empresa da família, anunciadas nesta segunda-feira, 22.

"Temos uma regra aqui no nosso sistema jurídico que diz assim: 'A pena nunca pode passar do réu'. Nesse caso, mal exemplificando, se há uma pena em cima do ministro Alexandre de Moraes, ela não poderia estender-se fora da figura do ministro. Fica a minha objeção radical em relação a isso que está acontecendo", disse.

Trump pressiona Brasil

Desde julho, o governo Trump faz uma ofensiva contra o Brasil para forçar a Justiça do país a suspender os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado em 11 de setembro por tentativa de golpe de Estado.

Trump diz que o processo é uma "caça às bruxas" e que Moraes age de modo irregular. A ação, no entanto, é julgada segundo as leis brasileiras.

Em julho, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros, que entrou em vigor em 6 de agosto. Ele disse que a medida era uma resposta às ações do Brasil contra Bolsonaro e a processos judiciais brasileiros contra empresas americanas, entre outras razões.

Desde então, o governo brasileiro busca negociar com a gestão Trump, mas enfrenta dificuldades e não conseguiu estabelecer uma mesa de negociação.

Ao mesmo tempo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem feito campanha contrária e buscado convencer autoridades do governo Trump a não negociar com o governo do Brasil.

Além da tarifa, foram dadas sanções a Alexandre de Moraes e sua mulher, Viviane. Nesta segunda, o governo Trump ameaçou tomar mais medidas futuramente.

“Alexandre de Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias e processos politizados", disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em comunicado.

“A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a ir atrás de indivíduos que fornecem apoio material a Moraes enquanto ele viola os direitos humanos", afirmou.

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