Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA, durante entrevista coletiva em 22 de junho (Andrew Harnik/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de junho de 2025 às 11h24.
Última atualização em 22 de junho de 2025 às 11h35.
Horas após realizarem um grande ataque contra o Irã, autoridades dos Estados Unidos deram uma entrevista coletiva para explicar a ação e indicar os próximos passos do conflito.
Na manhã deste domingo, 22, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, enfatizou que os EUA estão em luta contra o programa nuclear do Irã, e que não buscam invadir o país ou forçar a queda do governo iraniano atual, chefiado pelo aiatolás.
Ao mesmo tempo, Hegseth quis deixar claro que a operação foi um sucesso, ao atingir de forma dura as centrais nucleares do Irã, e que outros ataques como esses poderão ser feitos. "Isso está com o final em aberto", afirmou.
Novos ataques devem depender de alguns fatores:
Aqui, entra também a variável tempo. Não está claro quanto tempo os Estados Unidos vão esperar até seu próximo movimento. O presidente Donald Trump havia dito que tomaria a decisão sobre atacar o Irá em até duas semanas, mas o fez três dias após dizer isso.
Há também a variável Trump: o líder americano já demonstrou diversas vezes que pode mudar de posição de forma rápida, o que aumenta a dificuldade de prever cenários.
Apesar disso, tudo indica que os próximos passos americanos deverão ser novos ataques aéreos e disparos de mísseis contra o Irã. O envio de soldados e uma invasão por terra parecem opções ainda distantes, dado o alto custo político de uma mobilização desse tipo.
Trump foi eleito com a promessa de retirar os EUA de conflitos no exterior e evitar a morte de soldados. Parte de sua base se mostrou contrária ao envolvimento maior dos americanos no conflito do Irã, e ele poderá perder apoio interno se colocar o país em uma nova guerra total.
O presidente também realizou uma ação militar de peso, o que lhe permite parar agora e poder contar vitória. As autoridades americanas têm ressaltado grandes números, como a de que esta foi a primeira vez que bombas anti-bunker foram usadas em um ataque na história.
O tempo de reação do Irã também precisa ser observado. Autoridades do país reforçaram ataques a Israel, como já vinham fazendo há uma semana, e deixaram claro que vão buscar o apoio da Rússia. O chanceler iraniano irá a Moscou na segunda-feira, 23, e se reunirá com o presidente Vladimir Putin.
O Irã tem a difícil tarefa de sair desta situação de modo que consiga dissuadir os EUA de novos ataques, mas sem mostrar uma capitulação completa.
A situação atual lembra um embate ocorrido em janeiro de 2020, quando forças americanas, também sob comando de Trump, em seu primeiro mandato, mataram o general Qasim Suleimani, um dos principais chefes militares do país, em um ataque com um drone.
Em seguida, o Irã bombardeou uma base americana no Iraque, mas desistiu de ampliar os ataques após seus militares abaterem, de forma acidental, um voo de passageiros que decolava de Teerã.