Agência de notícias
Publicado em 11 de maio de 2025 às 12h41.
Mensagens contrastantes foram divulgadas por EUA e Irã ao fim da quarta rodada de negociações entre os países sobre o programa nuclear iraniano, realizada neste domingo, 11, em Mascate, capital de Omã. Enquanto um funcionário americano revelou otimismo com o acordo para um novo encontro em breve, autoridades diplomáticas de Teerã classificaram as conversas, que duraram mais de três horas, como "difíceis, mas úteis".
"A quarta rodada de negociações indiretas entre Irã e EUA foi concluída; conversas difíceis, mas úteis, que visam entender melhor as posições de cada um e encontrar maneiras razoáveis e realistas de abordar as diferenças", escreveu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baqaei, em uma publicação no X.
Em contrapartida, um funcionário de alto escalão dos EUA ouvida sob sigilo pela agência de notícias francesa AFP comemorou o resultado das conversas, que ele disse terem acontecido de modo "direto e indireto" — o formato adotado inicialmente impõe que as delegações fiquem em salas separadas, e as mensagens vão sendo trocadas por um intermediário do país mediador, mas fontes americanas têm repetido que houve momentos de contato direto a cada rodada.
"Um acordo foi alcançado para avançar nas negociações e continuar trabalhando nos elementos técnicos. Estamos encorajados com o resultado de hoje e ansiosos pela nossa próxima reunião", disse a autoridade.
Sem relações diplomáticas desde 1980, Irã e EUA realizaram já três sessões de negociações mediadas por Omã desde 12 de abril, uma delas em Roma. A delegação americana foi chefiada neste domingo pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, enquanto o chanceler Abbas Araqchi liderou a equipe iraniana.
Antes do início da negociação, o objetivo anunciado era o alcançar um novo acordo para impedir que o Irã adquira armas nucleares, em troca do levantamento das inúmeras sanções econômicas. Os EUA pressionam para que o regime iraniano abandone totalmente seu programa nuclear, ao passo que o Irã defende que seu direito de enriquecer urânio não é negociável.
"A capacidade de enriquecimento é uma das honras e conquistas da nação iraniana", declarou Araqchi em um vídeo divulgado pouco antes do início das negociações deste domingo, afirmando também esperar que esta rodada chegasse a um "momento decisivo".
Teerã defende que seus objetivos nucleares são exclusivamente civis, embora os Estados Unidos e outros países ocidentais temam que o país esteja tentando desenvolver uma arma atômica e alertem que o país se aproxima do nível de enriquecimento de urânio necessário para isso.
Na sexta-feira, Araqchi destacou o "progresso" feito nas reuniões anteriores. "Quanto mais avançamos, mais consultas e análises precisamos, e mais tempo as delegações precisam para considerar as questões levantadas", disse ele.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou na quarta-feira que as negociações estavam "no caminho certo".
Em 2015, o Irã e seis grandes potências (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) chegaram a um acordo nesse sentido, mas que foi por água abaixo quando o presidente americano, Donald Trump, retirou-se do pacto em 2018, durante seu primeiro mandato.
Desde então, o Irã recuou de seu compromisso de limitar o enriquecimento de urânio a 3,67%. Atualmente, ocorre em 60%, próximo dos 90% necessários para fins militares. Suas reservas de material físsil são motivo de preocupação para as potências ocidentais. (Com AFP)