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EUA alertam aeronaves civis sobre atividade militar ao redor da Venezuela

Segundo a FAA, os riscos para as aeronaves ocorrem pela "deterioração da situação de segurança e ao aumento da atividade militar" em território venezuelano

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 21h30.

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A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) emitiu um alerta nesta sexta-feira, 21, voltado a aeronaves civis que operam no espaço aéreo da Venezuela.

A recomendação destaca os riscos associados ao aumento da atividade militar na região, que ocorre paralelamente à presença reforçada de forças militares norte-americanas em áreas próximas.

A FAA orientou que os voos sobre a Venezuela adotem medidas preventivas e "exerçam extrema cautela", segundo o comunicado oficial. O órgão regulador informou que os riscos decorrem da "deterioração da situação de segurança e ao aumento da atividade militar dentro e ao redor da Venezuela".

"Essas ameaças podem representar um risco potencial para aeronaves em todas as altitudes, incluindo durante sobrevoos, pousos e decolagens, e/ou para aeroportos e aeronaves em solo", afirmou a FAA.

O governo Trump mobilizou um grupo de ataque composto por um porta-aviões, navios de guerra e aeronaves com tecnologia furtiva para a região. Segundo o governo norte-americano, a operação tem como finalidade conter o narcotráfico internacional. No entanto, autoridades em Caracas interpretam o movimento como parte de uma possível tentativa de derrubar o presidente Nicolás Maduro e promover uma mudança de regime.

O alerta da FAA ocorre poucos dias antes de os Estados Unidos classificarem como organização terrorista um cartel de drogas supostamente liderado por Maduro. A iniciativa levantou especulações sobre uma possível ação militar contra o governo venezuelano. Apesar do tom adotado por autoridades americanas, analistas apontam que o chamado Cartel de los Soles não funciona como uma organização estruturada, mas é utilizado como rótulo para descrever casos de corrupção envolvendo militares.

Desde o início de setembro, as forças armadas dos Estados Unidos realizaram ataques contra mais de 20 embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental. As ações resultaram na morte de mais de 80 pessoas. Até o momento, o governo do presidente Donald Trump não apresentou evidências de que essas embarcações estivessem efetivamente ligadas ao narcotráfico ou representassem ameaça direta à segurança do país. Desde então, as tensões regionais têm se intensificado.

Negociações entre Trump e Maduro

Nas últimas semanas, o presidente Trump realizou reuniões em Washington para discutir seus planos em relação ao futuro político da Venezuela. Paralelamente, ocorreram negociações informais entre a Casa Branca e o Palácio de Miraflores, autorizadas pelo próprio Trump. Segundo o jornal norte-americano New York Times, Nicolás Maduro teria sinalizado disposição para deixar o cargo em um período de transição gradual de dois a três anos.

Em contrapartida, o líder venezuelano buscava garantias políticas e a ampliação do acesso de empresas americanas às reservas de petróleo do país, estimadas em 300 bilhões de barris, as maiores do mundo. A proposta foi rejeitada pela administração Trump.

Com o deslocamento do USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões dos Estados Unidos, para o Caribe, Trump autorizou novas medidas para aumentar a pressão sobre Caracas e preparar o cenário para uma possível ação militar de maior escala. Entre as decisões, está a permissão para que a CIA conduza operações secretas dentro da Venezuela. Segundo fontes, essas ações visam preparar um "campo de batalha para ações futuras", sem o envolvimento direto de tropas americanas. As opções em análise incluem operações cibernéticas, ações psicológicas e atos de sabotagem pontuais, descartando por ora uma ofensiva terrestre.

Apesar da escalada nas movimentações militares e diplomáticas, fontes próximas às negociações indicam que uma saída política ainda é considerada. Não está definido qual caminho Trump deverá seguir: aceitar um acordo que favoreça empresas americanas no setor petrolífero, buscar uma renúncia negociada de Maduro ou insistir em sua remoção por meio de ação direta dos Estados Unidos.

(Com informações da agência AFP)

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