Agência de notícias
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 20h06.
Argentina registrou inflação de 1,9% em agosto, sem variação em relação a julho e um pouco menor do que a estimativa do mercado, de 2%, segundo informou nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas (Indec). No ano, os preços subiram 19,5%, bem abaixo dos 94,8% em igual período de 2024. Em 12 meses, o avanço foi de 33,6%.
O presidente Javier Milei agradeceu ao ministro da Economia, Luis Caputo, pelo resultados e escreveu no X que os dados se inserem “no contexto de um mês de grande volatilidade na demanda por dinheiro”.
O dado foi divulgado após o partido de Milei ter perdido no domingo as eleições legislativas na província de Buenos Aires por quase 14 pontos — região que concentra mais de um terço do eleitorado argentino.
Essa “clara derrota”, como definiu o próprio presidente, somou-se a um escândalo de corrupção que envolve sua irmã, Karina Milei, além da alta do dólar, que se aproxima do teto da faixa de flutuação cambial.
Na terça-feira, Milei afirmou que não vai recuar “nem um milímetro do rumo econômico” e recebeu o apoio do Fundo Monetário Internacional, com o qual firmou um acordo de 20 bilhões de dólares em abril. Desse total, o país já recebeu 14 bilhões.
A inflação é um problema crônico na Argentina, mas em 2021 o aumento de preços saiu de controle, e em 2023 — ano em que Milei assumiu — a inflação anual fechou em 211%.
O governo conseguiu reduzir o índice de preços ao consumidor para cerca de 118% em 2024 e, em 2025, manteve a tendência de queda.
O ministro Caputo comemorou no X (antigo Twitter) que, “pela primeira vez desde novembro de 2017, foram registrados quatro meses consecutivos com inflação abaixo de 2% ao mês”.
Mas nem todos sentem que sua realidade cotidiana tenha melhorado.
“Os produtos e serviços aumentam acima do índice de preços divulgado pelo Indec, e meu salário está sempre abaixo da inflação; portanto, a cada mês perco poder de compra”, disse à AFP Matías Schmukler, 28 anos, arquiteto de Buenos Aires.