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Eleições na Bolívia: 7,5 milhões de eleitores decidem se hegemonia de esquerda continua

Pleito neste domingo pode levar país ao segundo turno pela primeira vez na história; eleição sem Evo Morales divide eleitorado

Crise na Bolívia: ex-presidente Evo Morales estimula protestos contra o governo de Luis Arce, um ex-aliado (Aizar Raldes/AFP/Getty Images)

Crise na Bolívia: ex-presidente Evo Morales estimula protestos contra o governo de Luis Arce, um ex-aliado (Aizar Raldes/AFP/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 17 de agosto de 2025 às 07h01.

Os bolivianos comparecem às urnas neste domingo, 17, para eleger presidente, vice-presidente e parlamentares em eleições que podem marcar o fim de duas décadas de hegemonia do esquerdista Movimento ao Socialismo (MAS) no poder. O pleito mobiliza mais de 7,5 milhões de eleitores maiores de 18 anos no território nacional e outros 369 mil cidadãos no exterior.

Entre as oito organizações políticas na disputa, duas candidaturas opositoras lideram as pesquisas: o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina e o ex-presidente direitista Jorge "Tuto" Quiroga, que governou a nação entre 2001 e 2002.

As projeções indicam a possibilidade de um segundo turno inédito no país. A Constituição vigente desde 2009 estabelece que haverá novo pleito caso nenhum candidato alcance mais de 50% dos votos válidos ou um mínimo de 40% com pelo menos dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.


ELEIÇÕES NA BOLÍVIA:


MAS chega dividido à disputa

O partido governista apresenta-se fragmentado ao eleitorado. Eduardo del Castillo concorre como candidato oficial do governo, enquanto Andrónico Rodríguez, presidente do Senado e da Aliança Popular, representa outra ala do movimento.

Rodríguez era considerado sucessor natural do ex-presidente Evo Morales, que governo o país de 2006 a 2019 — três mandatos consecutivos.

Bolivia arte candidatos

As pesquisas situam ambos os candidatos governistas em posições distantes do segundo turno, sinalizando uma possível saída da esquerda do poder após duas décadas de controle político.

Ausência de Evo Morales marca cenário

O ex-presidente Evo Morales, figura central da política boliviana nas últimas duas décadas, encontra-se impedido de concorrer devido a uma lei que proíbe novas candidaturas após três períodos de governo.

Morales desvinculou-se do MAS depois de não conseguir ser novamente o candidato do partido.

Nos últimos meses, eleitores do ex-presidente protagonizaram diversos protestos para forçar sua inscrição na disputa. Sem sucesso, Morales e seus apoiadores passaram a promover o voto nulo como forma de protesto.

As pesquisas revelam elevada porcentagem de eleitores indecisos e intenções de voto nulo ou em branco, cenário que já antecipava à campanha de Morales pela anulação. Segundo a legislação boliviana, votos nulos e em branco não integram os válidos, servindo apenas para fins estatísticos.

Mesmo que votos nulos e brancos somem maioria, a eleição será decidida com base apenas nos votos válidos, garantindo a escolha dos novos governantes.

 

Saiba mais da votação na Bolívia

As seções eleitorais funcionam a partir das 8h (horário local, 9h de Brasília) até às 16h, ou até que o último eleitor da fila tenha votado.

O voto, obrigatório no país, exige que cidadãos apresentem certificado de voto para realizar trâmites em instituições públicas e bancos nos 90 dias posteriores às eleições.

O país implementou o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (Sirepre) para esta eleição, após testes em todos os nove tribunais eleitorais departamentais. O sistema divulgará informações ao término da jornada de votação.

O país vive sob silêncio eleitoral desde quinta-feira e "auto de bom governo" desde sexta-feira, proibindo aglomerações, reuniões em massa e venda de bebidas alcoólicas. Neste domingo, apenas veículos com autorização do órgão eleitoral podem circular.

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