Donald Trump e Gustavo Petro: EUA retiram Colômbia da lista antidrogas e presidente colombiano reforça autonomia militar. (JOAQUIN SARMIENTO and Mandel NGAN / AFP)
Redação Exame
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 12h23.
O governo dos Estados Unidos retirou a Colômbia de sua lista de países que lutam contra o narcotráfico, alegando que o país “descumpriu manifestamente” no último ano suas obrigações em virtude dos acordos internacionais de combate às drogas, segundo comunicado do Departamento de Estado. A decisão também atingiu Afeganistão, Bolívia, Venezuela e Mianmar.
“O cultivo de coca e a produção de cocaína alcançaram níveis recordes sob a presidência de Gustavo Petro, e suas tentativas fracassadas de negociar com grupos narcoterroristas só agravaram a crise”, afirmou o Departamento de Estado. A pasta destacou que países que não cumprirem suas responsabilidades como locais de origem e trânsito de drogas “enfrentarão graves consequências”, mas manteve que continuará fornecendo assistência à Colômbia por considerá-la “vital para os interesses nacionais dos Estados Unidos”.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, reagiu ao anúncio afirmando que a medida encerra a dependência do Exército e das Forças Militares do armamento norte-americano:
"Chega de esmolas ou presentes. Para o Exército da Colômbia, é melhor comprar suas armas ou fabricá-las com nossos próprios recursos, porque, do contrário, não será um Exército da soberania nacional", declarou durante reunião com ministros.
O governo da Colômbia rechaçou a decisão e a classificou como um ato que ignora a realidade e os resultados obtidos no combate às drogas. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores ressaltou que o país esteve “por décadas na linha de frente da defesa da segurança hemisférica contra o flagelo das drogas”, assumindo um preço elevado com perdas humanas significativas.
A Chancelaria colombiana destacou que 2024 foi um ano histórico na luta contra o tráfico: foram apreendidas 884 toneladas de cocaína, 89,5 mil galões de ácido sulfúrico e destruídas 5.242 instalações de processamento. Além disso, a Marinha contribuiu com 65% das apreensões de cocaína em nível global, e, desde agosto de 2022 até junho de 2025, foram extraditados 454 indivíduos para os Estados Unidos.
"O Departamento de Estado corre o risco de reduzir as capacidades de um de seus aliados mais firmes na luta contra o narcotráfico. A hesitação não fortalece a confiança; ela a corrói. Nesta luta, a clareza é tão importante quanto a força", afirmou a Chancelaria colombiana.
A certificação é uma avaliação anual que os Estados Unidos realizam desde 1986 sobre os esforços antidrogas de cerca de vinte países produtores.
*Com informações da EFE