Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque, que foi capturado e morto em meio à invasão americana (Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de junho de 2025 às 12h06.
A crise atual entre Estados Unidos e Irã lembra outro confronto do país, contra o Iraque, que começou em 2003 e teve um final difícil.
Naquele ano, autoridades americanas acusaram o Iraque, comandado por Saddam Hussein, de possuir armas de destruição em massa, e invadiram o país para destruí-las. Agora, 12 anos depois, os EUA acusam o Irã, vizinho do Iraque, de buscar uma arma nuclear.
Apesar da razão similar, há muitas diferenças entre os dois casos.
Em 2003, os Estados Unidos estavam em meio à chamada Guerra ao Terror, como resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Logo após os atentados, o país invadiu o Afeganistão e derrubou o governo do Talibã, que havia dado apoio aos autores do ataque.
A tomada rápida do Afeganistão levou o governo do presidente George W. Bush a avaliar que poderia invadir outros países do Oriente Médio com facilidade, e Saddam Hussein virou alvo também por seu histórico.
Em 1991, ele havia invadido o Kuwait, e os EUA lutaram a Guerra do Golfo para libertar o país. Na época, no entanto, os americanos não avançaram até Bagdá para derrubar o governo de Saddam, que seguiu no poder.
No caso do Iraque, os EUA buscaram uma ação coordenada com outros países da Otan, a aliança militar do Atlântico Norte, e apostaram em uma invasão completa, para derrubar o governo, pacificar o país e depois tentar instalar uma democracia.
Na crise atual, os americanos estão agindo apenas em coordenação com Israel. Aliados europeus não participaram dos ataques e têm defendido uma saída diplomática para a crise.
Apesar do sucesso inicial na invasão, os Estados Unidos viram a situação no Iraque virar rapidamente uma crise sem solução. Forças americanas ficaram no país até 2011, enquanto tentavam evitar brigas internas e criar um governo estável.
Por anos, soldados americanos enviados ao país viraram alvo de ataques. Cerca de 5.000 deles morreram. Além disso, as armas de destruição em massa nunca foram encontradas. Isso levou aliados europeus e boa parte da sociedade americana a questionar as informações que haviam sido dadas por Bush. O presidente foi duramente criticado por começar uma guerra desnecessária e terminou seu mandato, em 2009, com rejeição em alta.
Em 2011, o presidente Barack Obama retirou as tropas americanas do Iraque, mas logo surgiu um problema pior. No vácuo de poder, ganhou força o grupo terrorista Estado Islâmico, que chegou a dominar várias cidades iraquianas. Os EUA então tiveram de voltar ao país para fazer bombardeios e lutar contra eles. O grupo acabou derrotado e o Iraque hoje é um país relativamente estável, embora distante do ideal que os americanos planejavam implantar.
Trump criticou muitas vezes o fracasso de operações americanas no exterior e sempre defendeu que o governo priorizasse ações em solo dos EUA em vez de ações no exterior. Assim, há chances pequenas de que ele ordene uma invasão completa ao país. Nas horas após o ataque feito no sábado, seu governo buscou deixar claro que o objetivo agora é acabar com o programa nuclear do Irã, mas que não busca uma queda do regime ou uma invasão do país.