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Coreia do Sul debate semana de trabalho de 4 dias e meio para estimular casais a terem filhos

Governo espera que medida possa resolver vários problemas socioeconômicos no país — empresas alertam que queda na produtividade pode gerar incerteza econômica

Bandeira da Coreia do Sul: governo quer usar medida para estimular aumento da natalidade (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Bandeira da Coreia do Sul: governo quer usar medida para estimular aumento da natalidade (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 17h59.

Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 18h22.

O governo sul-coreano debate implantar uma nova medida que reduz a jornada de trabalho da semana de cinco para 4,5 dias, uma queda de 40 horas semanais para 36.

Promessa de campanha principal do presidente Lee Jae Myung, a política visa melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, evitar burnout e lidar com o declínio alarmante da taxa de natalidade do país.

No dia 24 deste mês, o Ministério do Trabalho lançou uma força-tarefa tríplice que envolve sindicatos, grupos empresariais e agências do governo para decidir os próximos passos e buscar um consenso.

Sul-coreanos trabalhavam, em média, 1.874 horas por ano, acima da média dos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) de 1.742 horas. O presidente Lee quer baixar a média coreana para menos do que a da OECD.

O objetivo final da medida é atingir uma semana de quatro dias, ou 32 horas.

“A semana de 4,5 dias não é apenas a única solução para superar o baixo crescimento da nação e declínio populacional regional, como foi recentemente apontado pelo presidente Lee Jae Myung, mas também a única chave para resolver as baixas taxas de natalidade da Coreia do Sul e nosso lento desenvolvimento”, disse Kim Hyung-sun, chefe da União Financeira Industrial da Coreia, ao The Straits Times, de Singapura

Pressões empresariais

Empresas, todavia, levantaram preocupações com o plano.

A comunidade empresarial alerta que reduzir horas de trabalho sem aumentar a produtividade poderia ameaçar empresas que já enfrentam custos trabalhistas altos e incerteza econômica.

Além disso, empresários dizem que a medida pode ser prematura, visto que a produtividade da Coreia do Sul já está muito atrás da de outros países desenvolvidos.

Estatísticas da OECD mostram que, em 2023, trabalhadores sul-coreanos geravam em média US$ 54,64 por hora, quase metade de trabalhadores americanos, de US$ 97,05, e bem menos que potências europeias como os US$ 87,30 da França.

Levantamentos da Sustainable Growth Initiative, think-tank pertencente à Câmara de Negócios e Indústria da Coreia, revelaram que, no mesmo ano, a produtividade anual por trabalhador coreano era de US$ 65 mil, posicionando o país em número 22 dos 36 membros da OECD.

“Quando a produtividade da Coreia já é muito menor do que a de economias avançadas, simplesmente reduzir o horário de trabalho regulamentado prejudicará a competitividade empresarial”, alerta a Federação de Empresas Coreanas. “A prioridade deveria estar na introdução de arranjos trabalhistas mais flexíveis e na melhora de horas extras especiais para que empregados e empresas possam escolher suas horas de maneira mais flexível.”

Pequenos negócios alertam que serão atingidos com ainda mais força.

“Se essa lei for expandida para negócios com menos de cinco funcionários, o pagamento de hora extra será aplicado a partir de sexta à tarde, quando a clientela está em seu auge”, disse Song Chi-young, líder da Federação de Microempresas da Coreia.

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