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Coreia do Norte explode escritório de relações com a Coreia do Sul

No fim de semana passado Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, ameaçou destruir o escritório na cidade fronteiriça de Kaesong

"O inútil escritório de relações entre o Norte e o Sul será completamente destruído", disse Kim Yo Jong (Korea Summit Press/Reuters)

"O inútil escritório de relações entre o Norte e o Sul será completamente destruído", disse Kim Yo Jong (Korea Summit Press/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de junho de 2020 às 07h16.

Última atualização em 16 de junho de 2020 às 08h47.

A Coreia do Norte explodiu nesta terça-feira (16) o escritório de ligações com o Sul na cidade fronteiriça de Kaesong, anunciou o ministério da Unificação, após dias de críticas e ameaças por parte de Pyongyang.

"A Coreia do Norte explodiu o escritório de Kaesong às 14h49 locais", afirma uma mensagem divulgada pelo Ministério, responsável pelas relações entre as duas Coreias.

Pouco antes, a agência sul-coreana de notícias Yonhap informou sobre uma explosão e uma intensa fumaça na área do complexo industrial em que fica o escritório, inaugurado há menos de dois anos.

No fim de semana passado, Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, fez ameaças contra o local. "Dentro de pouco tempo, o inútil escritório de relações entre o Norte e o Sul será completamente destruído", afirmou, misteriosamente.

Alguns analistas acreditam que Pyongyang tenta provocar uma crise com Seul no momento em que as negociações sobre seu programa nuclear estão paralisadas.

Desde o início do mês, Pyongyang intensifica os ataques verbais contra Seul, sobretudo contra os desertores norte-coreanos que enviam panfletos de propaganda a partir do Sul contra o Norte, por cima da zona desmilitarizada (DMZ) entre as Coreias.

Na semana passada, o regime norte-coreano anunciou o fechamento dos canais de comunicação política e militar com o "inimigo" sul-coreano.

Lançados com balões na direção do território norte-coreano, ou dentro de garrafas enviadas pelo rio que estabelece a fronteira, os panfletos contêm críticas a Kim Jong-un na área dos direitos humanos, ou por seu programa nuclear.

Exército do Norte "preparado"

De acordo com Cheong Seong-chang, diretor do Centro de Estudos Norte-Coreanos do Instituto Sejong, de Seul, a "Coreia do Norte está frustrada com o fato de que o Sul não propõe um plano alternativo para retomar as negociações entre Estados Unidos e o Norte, deixando o país sozinho para criar um clima propício à retomada".

"Por isto, chegou à conclusão que o Sul fracassou como mediador no processo", completou.

O escritório foi inaugurado em setembro de 2018, antes de uma terceira reunião de cúpula entre o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e seu colega norte-coreano.

Durante vários meses, os representantes dos dois países permaneceram no local, até que Pyongyang decidiu retirar seus funcionários após o fracasso da segunda reunião entre o dirigente norte-coreano e o presidente americano, Donald Trump.

Em janeiro, a epidemia do novo coronavírus provocou a suspensão das atividades.

Após os protestos do Norte pelo envio dos panfletos, o governo de Seul iniciou processos judiciais contra dois grupos de dissidentes norte-coreanos acusados de organizar o envio para o outro lado da fronteira.

Na segunda-feira, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, idealizador da aproximação de 2018, pediu ao Norte que "não deixe fechar a janela do diálogo".

Em uma nova escalada verbal, nesta terça-feira, a imprensa norte-coreana afirmou que o Exército do país está "totalmente preparado" para atuar contra a Coreia do Sul.

A Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício, não com um acordo de paz, o que significa que os dois vizinhos ainda estão, tecnicamente, em guerra.

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