Agência
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 16h02.
O mercado de sorvetes da China movimentou US$19,16 bilhões em 2024 e deve crescer para US$33 bilhões até 2033, de acordo com a consultoria Renub Research.
Desde 2014, o país lidera o setor em termos de receita e consumo, consolidando-se como o maior consumidor global do produto. Esse crescimento reflete as mudanças no comportamento dos consumidores chineses, nas estratégias das empresas e na forma de comprar e consumir sorvete.
O consumo de sorvetes na China está mais concentrado nas regiões leste e sul, com destaque para cidades como Xangai e Hangzhou. No norte, onde o clima é mais frio, a demanda é significativamente menor.
Além disso, o perfil do consumidor está mudando: sorvetes caros, antes símbolos de status, agora dividem espaço com opções mais acessíveis, que custam menos de 5 yuans (aproximadamente R$3,75).
Produtos mais baratos viralizam nas redes sociais, como demonstrado pelo tema “o sorvete retorna à era de 5 yuans”, que teve mais de 63 milhões de visualizações no Weibo em junho de 2025.
A aparência dos sorvetes também se tornou um fator importante na hora da compra. Produtos inspirados em pontos turísticos ou elementos culturais são vendidos em museus e parques, atraindo consumidores que buscam uma experiência visual e gastronômica única.
Um exemplo é um sorvete de RMB 15 (cerca de R$11,20), com design de um palácio histórico, que se tornou popular por seu aspecto "instagramável".
Marcas locais também estão inovando com sabores que incorporam ingredientes tradicionais chineses, como matcha, feijão vermelho e gergelim preto, além de versões mais saudáveis, com menos açúcar, gordura ou à base de plantas. Formatos diferentes, como mochi e picolés artesanais, também registram alta demanda.
Paralelamente a essas mudanças de comportamento, a China tem investido fortemente em tecnologia e logística. A cadeia de frio foi aprimorada, garantindo que sorvetes possam ser vendidos online sem riscos de descongelamento.
O e-commerce de sorvetes deve atingir US$2,27 bilhões até 2025, representando 28,3% do total de alimentos congelados vendidos online. As empresas chinesas Yili e Mengniu dominam o mercado com 17% e 10% de participação, respectivamente, enquanto marcas estrangeiras, como Nestlé e Häagen-Dazs, são mais populares nas grandes cidades.
Fundada em 1997, a Mixue começou como uma pequena loja de raspadinhas em Henan, mas foi em 2005 que o sucesso chegou com a venda de cones de sorvete por apenas 1 yuan (aproximadamente R$0,80). O modelo de baixo custo atraiu um público de baixa renda, e a rede cresceu rapidamente. Em 2024, a Mixue superou gigantes como McDonald's e Starbucks em número de lojas, com mais de 45 mil pontos de venda no mundo.
Agora, a Mixue foca sua expansão no Brasil. A empresa acaba de inaugurar sua primeira loja no país, localizada em um shopping na Avenida Paulista, em São Paulo. De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), a Mixue planeja investir R$3,2 bilhões no Brasil e gerar 25 mil empregos até 2030. A empresa pretende replicar seu modelo de baixo custo, que obteve sucesso na China, no mercado latino-americano.