Mundo

China defende pena de morte a canadense apesar da crítica internacional

Robert Lloyd Schellenberg tentou enviar 222 quilos de anfetamina escondidos em pneus da China para a Austrália em 2014

China: o primeiro-ministro canadense acusou a China de ter aplicado a pena de morte "arbitrariamente" (Intermediate People's Court of Dalian/Reuters)

China: o primeiro-ministro canadense acusou a China de ter aplicado a pena de morte "arbitrariamente" (Intermediate People's Court of Dalian/Reuters)

E

EFE

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 10h24.

Pequim - A China voltou a defender nesta quarta-feira a pena de morte ditada ao cidadão canadense Robert Lloyd Schellenberg, apesar das críticas de alguns países e das Nações Unidas sobre a imposição da pena capital por um crime de tráfico de drogas.

"Se a imposição da pena de morte a Schellenberg é desumana e inadequada, não acham que a morte de pessoas por estas drogas é desumana? Não permitiremos que as drogas ponham em perigo a vida dos chineses", assinalou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, em entrevista coletiva.

Depois que na segunda-feira um tribunal chinês condenou Schellenberg, de 36 anos, à morte por participar em 2014 na tentativa de envio de 222 quilos de anfetamina escondidos em pneus da China para a Austrália, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, acusou o Estado chinês de ter aplicado a pena de morte "arbitrariamente".

Nas últimas horas, Trudeau abordou a crise com Pequim com outros líderes internacionais, como o presidente argentino Mauricio Macri e a primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinta Arden, enquanto a Austrália mostrou preocupação com a aplicação da pena capital neste caso.

Ao ser perguntada sobre essas críticas, Hua garantiu que a China "não está preocupada" e, referindo-se às críticas procedentes da Austrália, garantiu que "não representam toda a comunidade internacional".

No entanto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) expressou ontem sua esperança de que a China revise a pena a morte.

"A ideia básica (para a ONU) é que se a pena de morte é utilizada - e encorajamos todos os Estados a deixar de fazê-lo - só é admissível em casos de assassinato proposital, não para outros crimes como o tráfico de drogas", disse à Efe o porta-voz do escritório do Acnudh em Genebra, Rupert Colville.

Sobre a possibilidade de o governo chinês comutar a pena de morte imposta ao cidadão canadense, Hua afirmou que "a China é um Estado de Direito, segundo a Constituição. As autoridades pertinentes implementam os direitos de maneira independente e outros departamentos não interferem".

"Deixamos claro os fatos e a natureza deste caso", acrescentou a porta-voz, que lembrou que o tráfico de drogas é um crime "grave, reconhecido pela comunidade internacional".

O caso de Schellenberg é o último episódio da crise entre os governos chinês e canadense que teve início com a detenção no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, da diretora financeira da empresa tecnológica chinesa Huawei, Meng Wanzhou, que foi libertada após pagamento de fiança.

Dias depois da detenção de Meng, a China prendeu dois canadenses, Michael Kovrig e Michael Spavor, supostamente por colocarem em risco a segurança nacional chinesa, e ambos seguem presos.

Acompanhe tudo sobre:CanadáChinaPena de morteTráfico de drogas

Mais de Mundo

Presidente da Suprema Corte dos EUA alerta para retórica contra juízes

Netanyahu diz que "vitória" em guerra com Irã abre "amplas possibilidades regionais"

Bolívia relata 74 casos de sarampo

Trump diz que EUA se dá bem com a China