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Chanceler da Argentina renuncia dias antes de eleição chave para futuro do governo Milei

Deserção de Gerardo Werthein ocorre após dias de incerteza sobre seu futuro, e ataques de apoiadores de conselheiro de Milei

Agência o Globo
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Publicado em 22 de outubro de 2025 às 14h20.

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O chanceler da Argentina, Gerardo Werthein, apresentou seu pedido de renúncia ao presidente Javier Milei, confirmou a Casa Rosada nesta quarta-feira, antecipando uma esperada saída para antes das decisivas eleições legislativas do país, marcadas para o domingo. A deserção de um integrante da cúpula do governo antes da disputa eleitoral ocorre após de incerteza, em meio a um imbróglio com o principal assessor de Milei.

O ministro demissionário foi alvo de ataques nas redes sociais por parte da tropa digital alinhada a Santiago Caputo, principal conselheiro de Milei e integrante do que a imprensa argentina chama de "Trio de Ferro" — ao lado do próprio presidente e da secretária-geral Karina Milei. O jornal La Nacion afirmou que Werthein esperava uma defesa pública por parte do presidente, o que nunca aconteceu, motivo pelo qual teria decidido antecipar seu pedido de demissão.

As críticas ao chanceler miravam sobretudo o fracassado encontro bilateral entre Milei e o presidente dos EUA, Donald Trump, em 14 de outubro, que se resumiu a uma saudação e um almoço na Casa Branca, com declarações confusas sobre o apoio financeiro dos EUA à Argentina — condicionado por Trump condicionou à vitória do partido de Milei no domingo.

A saída de Wethein já era esperada. Milei pretende realizar uma reconfiguração de seu Gabinete após as eleições de domingo, quando espera aumentar a representação do seu partido, A Liberdade Avança, no Parlamento. A Casa Rosada informou que o chanceler permanecerá no cargo até a segunda-feira — mas não está claro se a apresentação da renúncia antes do pleito pode resultar em um incidente com impacto eleitoral.

As especulações sobre o futuro chanceler argentino começaram. Entre os cotados na imprensa do país estão Nahuel Sotelo, atual secretário de Culto e Civilização (pasta ligada à comunicação do governo com denominações religiosas), e Úrsula Basset, diretora de Direitos Humanos do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, ambos afastados da linha de frente por Werthein.

Com bom relacionamento com Karina Milei, o atual cônsul em São Paulo, Luis María Kreckler, é outro dos nomes cogitados, assim como Guillermo Francos — caso Caputo assuma seu lugar como chefe de Gabinete após as eleições. Também é apontado como opção o ex-secretário de Assuntos Estratégicos durante o governo de Mauricio Macri e atualmente funcionário da prefeitura de Buenos Aires, Fulvio Pompeo, que poderia entrar em um acordo político entre Milei e o ex-presidente.

Werthein assumiu a chancelaria em outubro de 2024, após a demissão de Diana Mondino, por ordem direta de Milei, após Buenos Aires apoiar uma resolução contra o embargo econômico ao regime comunista de Cuba na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Minutos depois de a demissão de Mondino ser anunciada pela imprensa argentina, Milei repostou a uma publicação de uma deputada de seu partido que dizia: "Orgulho de um governo que não banca (apoia) nem é cúmplice de ditadores. Viva #CubaLibre".

Durante seu mandato como ministro das Relações Exteriores, Werthein implementou uma política de alinhamento com os Estados Unidos e Israel, que Milei considera seus principais aliados. Antes de assumir o cargo, ele atuou como embaixador da Argentina nos Estados Unidos. (Com La Nacion e AFP)

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