Mundo

Cardeal afastado pelo Papa Francisco decide não participar do conclave; entenda o caso

Após discussões internas no Vaticano e revelações sobre sua condenação, o cardeal opta por não participar da eleição do novo Papa, enquanto continua a se declarar inocente

Angelo Becciu, cardeal italiano afastado pelo Papa Francisco em 2020 devido a um escândalo financeiro (TIZIANA FABI/ AFP)

Angelo Becciu, cardeal italiano afastado pelo Papa Francisco em 2020 devido a um escândalo financeiro (TIZIANA FABI/ AFP)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora da Homepage

Publicado em 28 de abril de 2025 às 16h48.

Tudo sobrePapa Francisco
Saiba mais

O cardeal Giovanni Angelo Becciu, envolvido em um dos maiores escândalos financeiros da história recente do Vaticano, não participará do Conclave que escolherá o novo papa. É o que afirma o jornal italiano la Reppublica.

A decisão, tomada após uma série de encontros com aliados e outros cardeais, vem em um momento delicado, após discussões sobre sua elegibilidade para a eleição papal. Becciu, que foi destituído de suas funções em 2020 após um escândalo de corrupção, tem sido uma figura controversa, e sua participação no Conclave gerou intensos debates internos.

Em meio a essas discussões, o jornal italiano Domani revelou que o Papa Francisco deixou duas cartas nas quais confirma sua vontade de que Becciu fosse excluído do Conclave.

Segundo a publicação, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, teria mostrado as cartas a Becciu para pressioná-lo a desistir de sua tentativa de participar do processo de sucessão papal. O gesto reflete a tensão sobre o status de Becciu, que, apesar de ter sido destituído em 2020, não perdeu formalmente o título de cardeal, mas foi privado de seus direitos cardinalícios, que incluem o direito de votar e participar do Conclave.

O caso de Becciu: condenação, acusações e sua luta para limpar seu nome

Becciu, de 77 anos, foi um dos colaboradores mais próximos de Papa Francisco no início do pontificado, ocupando o cargo de substituto da Secretaria de Estado, o que o colocava como número três no Vaticano.

No entanto, em 2020, ele foi condenado a cinco anos de prisão em um tribunal vaticano por seu envolvimento no "escândalo de Londres", o maior julgamento financeiro já realizado pela Santa Sé.

A acusação se refere à compra de um imóvel de luxo em Londres, realizada com fundos da Secretaria de Estado, e a transferências suspeitas de dinheiro para familiares na Sardenha.

Apesar de sua condenação, Becciu sempre proclamou sua inocência, alegando que foi alvo de um complô e acusando o sistema de justiça vaticano de ser injusto e parcial. O cardeal se vê como um "bode expiatório" de manobras de seus inimigos dentro do Vaticano.

Em sua defesa, ele iniciou uma campanha midiática, com o apoio de seus advogados, para limpar seu nome. Além disso, Becciu processou a revista L’Espresso, que revelou o escândalo, exigindo uma grande indenização, alegando que sua exclusão do Conclave lhe custou a chance de se tornar Papa.

A decisão do Papa Francisco de demitir Becciu e a subsequente perda de seus direitos cardinalícios geraram discussões acirradas, especialmente considerando a gravidade do caso.

Embora tenha sido afastado de várias funções importantes, Becciu continua a manter sua posição como cardeal, mas, com a recente decisão de não participar do Conclave, a Igreja evita maior exposição da sua figura em meio a um momento crucial de sua história.

*com agências internacionais

Acompanhe tudo sobre:PapasPapa FranciscoVaticanoIgreja Católica

Mais de Mundo

Venezuela denuncia que EUA retiveram barco pesqueiro por oito horas em águas venezuelanas

Ucrânia bombardeia importante refinaria de petróleo na Rússia, afirma Moscou

Rússia reivindica captura de localidade em região do centro-leste da Ucrânia

Romênia afirma que drone violou seu espaço aéreo durante ataques russos contra a Ucrânia