Ajuda humanitária em Gaza: caminhões da ONU entregam alimentos e medicamentos, mas parte da carga foi interceptada por moradores (BASHAR TALEB/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de maio de 2025 às 16h42.
Última atualização em 22 de maio de 2025 às 17h30.
Um pequeno número dos cerca de 90 caminhões da ONU que entregaram ajuda humanitária em Gaza na quarta-feira, pela primeira vez desde março, foram "interceptados" por residentes ameaçados pela fome, disse um porta-voz da ONU nesta quinta-feira, 22.
"Soubemos que um pequeno número de caminhões que transportavam farinha foram interceptados por residentes e teve sua carga retirada", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, sem utilizar a palavra "saque".
"Pelo que sei, não se tratou de um ato criminoso envolvendo homens armados, foi o que às vezes descrevi como autodistribuição, o que reflete o alto nível de ansiedade dos moradores de Gaza, que não sabem quando será feita a próxima entrega de ajuda humanitária", insistiu.
Após o anúncio de Israel, no domingo, de que permitiria a entrada de ajuda limitada no território depois de dois meses e meio de bloqueio, a ONU demonstrou preocupação pelo risco de saques.
Israel permitiu a entrada de cerca de 200 caminhões da ONU na Faixa de Gaza por meio da passagem fronteiriça de Kerem Shalom. Os veículos devem ser descarregados imediatamente e depois recarregados em outros antes de chegarem aos armazéns da ONU.
As Nações Unidas informaram, na véspera, que aproximadamente 90 caminhões com alimentos para bebês, farinha e medicamentos puderam sair de Karem Shalom na quarta-feira para distribuição em Gaza.
O Programa Mundial de Alimentos anunciou que conseguiu abastecer várias padarias com farinha, o que permitiu "fazer pães frescos pela primeira vez em mais de dois meses".
Desde as 15h00 GMT (12h em Brasília) da quinta-feira, nenhum outro comboio saiu de Karem Shalom, disse Dujarric.
"A remessa de ontem foi limitada em quantidade e está longe de ser suficiente para cobrir a escala [das necessidades] dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza", disse, acrescentando que a entrada de outros produtos, como alimentos frescos, produtos de higiene e combustível, ainda não é permitida.