Repórter
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 16h26.
Última atualização em 12 de novembro de 2025 às 16h38.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se nesta quarta-feira com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Niágara, no Canadá, durante a reunião ministerial do G7.
No encontro, os dois concordaram em agendar uma nova reunião presencial, em data próxima, para tratar do estágio atual das conversas. Vieira disse que a parte brasileira enviou, em 4 de novembro, uma proposta de negociação aos Estados Unidos, após reunião virtual entre equipes técnicas.
As negociações para suspender as sobretaxas impostas pelos Estados Unidos continuam sem avanços. A sinalização recente de Washington sobre a possibilidade de reduzir tarifas de importação de café, mencionada por Trump e pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, trouxe certa esperança para o Itamaraty como um possível alívio para o setor, embora o Brasil não tenha sido citado nominalmente.
O tarifaço atual soma uma sobretaxa de 40% à tarifa-base de 10% e atinge setores como aço, alumínio, carne, café, frutas, pescados, máquinas e equipamentos industriais. Hoje, o governo brasileiro trabalha com a suspensão temporária das sobretaxas até a conclusão das negociações para um acordo comercial mais amplo ou ampliação da lista de exceções - produtos classificados por Trump como “recursos naturais indisponíveis” nos Estados Unidos.
Em outra frente, o Brasil trabalha pela revogação de sanções impostas por Washington a cidadãos brasileiros, entre eles o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e tenta evitar novas punições previstas na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA. O dispositivo permite retaliação contra países cujas práticas sejam consideradas “injustificáveis ou discriminatórias” contra empresas americanas. No caso brasileiro, a investigação inclui comércio digital, serviços financeiros, tarifas preferenciais, desmatamento ilegal e uso do Pix como meio de pagamento.
Em entrevista à rede americana Fox News, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu governo deve reduzir tarifas de importação sobre o café, medida que teria como objetivo baratear o produto para os consumidores americanos. O Brasil seria o maior beneficiado pela medida.
Atualmente, o café brasileiro está sujeito a uma taxação de 50%, o que encareceu o produto no mercado interno dos EUA e contribuiu para a pressão inflacionária local. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial do grão e abastece grande parte da demanda americana.
No vídeo da entrevista, publicado no site da emissora na noite desta terça-feira, Trump declarou que pretende cortar “algumas tarifas” sobre o café, o que pode incluir o produto na lista de exceções ao pacote de sobretaxações contra o Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse que fará uma nova ligação para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caso as discussões entre os dois países não avancem até o final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Lula e Trump se encontraram na Malásia em outubro para diminuir as tensões entre as nações após o aumento das tarifas de importação sobre produtos brasileiros, que passaram de 10% para 50% em agosto, por decisão da Casa Branca.
"Saí da reunião com o presidente Trump convicto de que vamos chegar a um acordo", declarou Lula a jornalistas em Belém, às vésperas da COP30. "Falei a ele da importância de nossos negociadores iniciarem as conversas o quanto antes."
O presidente acrescentou que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão prontos para uma nova rodada de negociações e estão dispostos a viajar aos Estados Unidos se necessário.
"Se ao final da COP30 a reunião entre nossos negociadores e os de Trump ainda não tiver ocorrido, farei outra ligação para ele", reforçou Lula.