Thiago Ávila: ativista brasileiro detido em Israel após recusar deportação e participar de missão humanitária para Gaza (Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 10 de junho de 2025 às 15h05.
Última atualização em 10 de junho de 2025 às 15h22.
O ativista brasileiro Thiago Ávila, capturado na madrugada de segunda-feira por militares israelenses ao lado da ambientalista sueca Greta Thunberg e de outros militantes a bordo de um barco com ajuda humanitária para Faixa de Gaza, está preso em um centro de detenção de Israel por se recusar a assinar os documentos de deportação necessários para deixar a região.
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), responsável pelo barco "Madleen" onde estavam os ativistas, confirma que quatro dos 12 foram deportados e oito permanecem detidos em Israel.
Entre os que assinaram os papéis, está Greta Thunberg. O Ministério de Relações Exteriores de Israel divulgou uma foto dela embarcando em um avião de volta para a Suécia nesta terça-feira. A França, por sua vez, informou que cinco dos seis ativistas franceses que estavam na embarcação haviam se recusado a assinar suas ordens de deportação.
— Fomos sequestrados em águas internacionais e levados contra a nossa vontade para Israel — denunciou Thunberg, de 22 anos. — É outra violação intencional de direitos que se soma à lista de outras inúmeras violações que Israel está cometendo.
Em nota, a FFC afirmou que eles foram "sequestrados à força em águas internacionais e levados para Israel contra sua vontade". Em solo israelense, cada um dos voluntários tinha duas opções: assinar documentos consentindo com a deportação ou permanecer detido e comparecer perante um tribunal, como escolheu Thiago Ávila.
Com a decisão do brasileiro, ele será levado perante um juiz, onde participará de uma audiência para que seja autorizada uma deportação forçada. No tribunal, ainda de acordo com a FCC, os advogados argumentarão que a "interceptação foi ilegal, as detenções arbitrárias e que os voluntários devem ser libertados sem deportação".
“Os passageiros do ‘Iate da Selfie’ chegaram ao Aeroporto Ben Gurion para embarcarem em Israel e retornarem aos países de origem. Alguns deles devem partir nas próximas horas. Aqueles que se recusarem a assinar os documentos de deportação serão levados perante uma autoridade judicial, de acordo com a lei israelense, para autorizar a deportação”, informou o Ministério das Relações Exteriores de Israel no X.
Doze pessoas da França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Países Baixos viajavam no "Madleen" com o objetivo de "romper o bloqueio israelense" à Faixa de Gaza, que enfrenta uma situação humanitária catastrófica após mais de um ano e meio de guerra.
Imagens divulgadas pela FFC mostraram os ativistas a bordo da embarcação com coletes salva-vidas laranjas e as mãos levantadas durante a interceptação. Alguns entregaram seus telefones celulares, mas outros jogaram seus celulares ou tablets no mar.
Procurado pelo O Globo, o Itamaraty ainda não se manifestou sobre a detenção do ativista brasileiro.
Thiago de Ávila e Silva Oliveira tem 38 anos e nasceu na cidade de Brasília, em 1986. Ativista, ele já foi candidato a deputado federal pelo Psol, em 2022.
Nos últimos dias, Thiago tem usado as redes sociais para publicar sobre expedição humanitária, que acontece um mês após outra embarcação com destino a Faixa de Gaza ter pegado fogo e emitido um sinal de socorro, supostamente depois de ter sido atingida por drones na costa de Malta. O brasileiro também estava a bordo, na ocasião.
O brasiliense tem mais de 350 mil seguidores em seu perfil no Instagram, e usa a página para divulgar vídeos explicativos e ações humanitárias.