Repórter
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 19h45.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que os americanos têm que escolher entre "comunismo ou bom senso", após a vitória do democrata Zohran Mamdani na eleição para prefeito de Nova York nesta terça-feira, 4.
A declaração do republicano ocorreu na tarde desta quarta-feira, durante um discurso no America Businnes Forum, em Miami, onde criticou a ampla vitória dos democratas em vários estados.
“A decisão que todos os americanos enfrentam não poderia ser mais clara: temos que escolher entre o comunismo e o bom senso”, disse Trump.
Ao criticar a decisão dos eleitores, ele acrescentou: "Nossos oponentes propõem um pesadelo econômico. Nós estamos realizando um milagre econômico".
Em seu discurso, Trump também reforçou que fará oposição ao novo prefeito de Nova York. "Nós vamos cuidar disso", disse o presidente americano diante dos empresários, em referência a Mamdani, um político que se apresenta como "democrata e socialista".
Zohran Mamdani, do partido Democrata, foi eleito prefeito de Nova York (Stephanie Keith / Getty Images) (STEPHANIE KEITH/Getty Images)
Ao ser eleito prefeito de Nova York, Zohran Mamdani, de 34 anos, se tornou o primeiro muçulmano a comandar a maior cidade dos Estados Unidos.
O político do Queens chega ao cargo com a promessa de transformar a administração pública em uma plataforma direcionada para comunidades de baixa renda.
Filho da cineasta Mira Nair e do acadêmico Mahmood Mamdani, Zohran nasceu em Uganda, em uma família de origem indiana, e se mudou para os Estados Unidos aos sete anos.
Naturalizado americano em 2018, cresceu no Bronx e estudou em escolas de excelência, onde passou a se interessar por política e arte. Antes de ingressar na vida pública, teve uma breve passagem pelo rap, com o nome artístico “Young Cardamom”, inspirado por grupos de hip hop.
Mamdani iniciou a carreira como conselheiro de prevenção de execuções hipotecárias e ajudou famílias a manter suas casas durante crises financeiras. Em 2018, foi eleito para a Assembleia Estadual de Nova York, onde passou a representar um distrito diverso do Queens, marcado por comunidades de imigrantes. Ali, construiu uma reputação de defensor de políticas públicas para moradia acessível, transporte gratuito e creches universais.
Em junho deste ano, superou o ex-governador Andrew Cuomo nas primárias do Partido Democrata, o que o colocou no centro do debate político da cidade.
Com um discurso focado na desigualdade urbana, Mamdani defende maior controle de aluguéis, ampliação do transporte público gratuito e incentivo a lojas de bairro administradas pelo município. Ele costuma dizer que quer “recolocar Nova York nas mãos de quem vive nela”.
Muçulmano praticante e ativista de causas sociais, transita com naturalidade entre eventos culturais, marchas do Orgulho LGBTQIA+ e celebrações do Ramadã. Essa imagem inclusiva o ajudou a conquistar o apoio de eleitores jovens.
Crítico declarado da política de Israel, Mamdani chamou o país de “regime de apartheid” e classificou a guerra em Gaza como “genocídio”, posições que geraram tensão com parte da comunidade judaica. Para reduzir o atrito, passou a condenar publicamente o antissemitismo e defende o diálogo entre religiões e etnias.
O presidente Donald Trump chegou a chamá-lo de “pequeno comunista”. Ainda assim, analistas o comparam ao próprio Trump em um aspecto: ambos foram outsiders que souberam captar a insatisfação popular com o 'establishment'.
(Com informações da agência AFP)