Mercosul: França resiste à assinatura do acordo comercial com a União Europeia. (iStock/Getty Images)
Repórter
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 13h19.
O governo da França reafirmou nesta quarta-feira, 19, sua oposição ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, classificando a proposta atual como “inaceitável”. A declaração foi feita pela porta-voz Maud Bregeon, após a reunião semanal do Conselho de Ministros, em Paris.
Segundo o governo francês, não há mudança de postura. O país continua exigindo garantias claras quanto à proteção dos agricultores europeus e ao cumprimento de normas ambientais e sanitárias por parte dos países do Mercosul — bloco que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Dois pontos são considerados centrais para que Paris aceite o avanço das negociações. O primeiro é a criação de um mecanismo de salvaguarda, já aprovado pelo comitê de representantes da União Europeia, mas que, segundo Bregeon, ainda precisa ser “facilmente ativável” para proteger o mercado agrícola europeu de instabilidades.
O segundo ponto diz respeito às chamadas cláusulas-espelho, que exigem que os produtos importados do Mercosul atendam aos mesmos padrões sanitários e ambientais que os exigidos dos produtores europeus. A França considera os avanços nesse aspecto insuficientes.
“Nesta luta justa, pela nossa saúde, pela nossa soberania agrícola e alimentar, a França não está sozinha”, afirmou a porta-voz, ao mencionar que outros países da UE compartilham da mesma preocupação.
O acordo entre Mercosul e União Europeia foi fechado em 2019, mas ainda depende da ratificação dos 27 Estados-membros do bloco europeu. Desde então, a França tem liderado a resistência à assinatura final, argumentando que os termos do pacto não garantem proteção adequada ao setor agropecuário e ao meio ambiente.
A proposta mais recente foi validada pela Comissão Europeia em setembro, mas continua enfrentando resistência interna em vários países.
Segundo Bregeon, a França quer melhorias nos “mecanismos de controle e verificação”, tanto nos portos de entrada europeus quanto nos países exportadores. Paris também solicitou à Comissão Europeia novas propostas que tornem essas exigências mais robustas.
“Ainda há trabalho a fazer”, resumiu a porta-voz, sinalizando que a assinatura do acordo depende de avanços adicionais nas próximas rodadas de negociação.
*Com informações da EFE